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Fator EGO

Colunista: Thiago Villaça

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Na psicologia, o ego é um dos três elementos que formam a nossa personalidade e tem a “função” de equilibrar as demandas conflitantes do ID (responsável pelas recompensas imediatas e impulsos básicos como fome, sede, sexualidade e agressão sem se importar com as normas sociais, morais ou consequências das ações a longo prazo) e do superego, que representa a consciência moral, ética, regras, normas e valores da sociedade, impondo essas “restrições” e “permissões” ao comportamento do indivíduo. Em resumo, a psicologia diz que o ego tenta satisfazer os desejos do ID de uma forma que seja realista e socialmente apropriada, levando em conta as consequências a longo prazo e as normas sociais.

Se o seu negócio tivesse uma personalidade (e acredite, ele tem!) quem faria o “meio de campo” entre a estratégia (o superego do seu negócio) e a operação (representada pelo ID) é a gestão. Neste sentido, podemos considerar que a gestão é a responsável por intermediar os interesses de uma operação ansiosa, que busca recompensas imediatas, e as necessidades de uma estratégia fria, calculista e racional.

A estratégia dá a direção que a operação deve seguir, a gestão escolhe o caminho!

Geralmente o responsável pela estratégia é o proprietário ou diretor do negócio e ele, por ter uma visão mais ampla (pelo menos em tese), deveria olhar para o cenário em que a empresa está inserida para antecipar obstáculos, criar oportunidades, pensar no posicionamento da marca, antecipar as tendências do mercado e projetar os objetivos de médio e longo prazo. Também é importante que a estratégia tenha resiliência, seja flexível, mas não renuncie às suas convicções (coisas que as pessoas responsáveis pela operação – professores, recepcionistas e estagiários – têm muita dificuldade). É por isso que, em muitos casos, as pessoas responsáveis pela estratégia de qualquer negócio são rotuladas, pelos indivíduos da operação, como insensíveis, impessoais e que “só pensam em lucro”.  

Estratégia x gestão

Enquanto a estratégia busca oportunidades de crescimento, expansão e elimina os riscos do negócio nos médio e longo prazos, a gestão deve se preocupar em “provocar” a operação (o conglomerado de ID’s) para que ela vá na direção certa. Do ponto de vista prático, a gestão usa 95% da sua energia com demandas que requerem habilidades interpessoais; já a estratégia, necessita usar a sua energia em questões mais abrangentes, aleatórias e é por isso que, para ser bem-sucedida, os proprietários e diretores precisam desenvolver, ao máximo, as famosas habilidades multidimensionais.

A multidimensionalidade é a habilidade de ter conhecimento não só dos elementos técnicos da atividade do negócio, mas também das habilidades comportamentais necessárias para prestação do serviço, habilidades emocionais para compreender o seu papel na empresa e como esse papel contribui para o propósito de vida do indivíduo e, atualmente, das meta-habilidades, isto é, a capacidade que o individuo tem de usar as habilidades adquiridas para desenvolver outras novas.

Podemos concordar, nesse ponto da leitura, que o ID da grande maioria dos indivíduos não performa muito bem quando o assunto é autodesenvolvimento, afinal de contas, quem nunca ouviu da operação, afirmações do tipo “o que me trouxe até aqui (na carreira) é o motivo de eu ter conquistado ‘x’, ‘y’, ‘z’…”? Ou responder “por que eu deveria mudar, se tudo que eu fiz até aqui me permitiu fazer ‘a’, ‘b’, ‘c’, ‘d’…?” Tais exemplos sugerem que a percepção de sucesso, para a maioria das pessoas que usam o seu tempo com coisas 100% operacionais, é única e exclusivamente imediatista, ou seja, não levam em consideração as habilidades “periféricas” como empatia, acolhimento, saber ouvir, comprometimento etc.

Mas isso tem uma explicação: para que uma pessoa seja capaz de usar as habilidades atuais para alavancar outras mais poderosas, ela precisa se desvencilhar dos elementos que “a trouxeram até aqui” e que fizeram ela “conquistar ‘x’, ‘y’, ‘z’”. Em outras palavras, o desapego é um pré-requisito básico para se tornar meta-habilidoso. Parece simples, mas abandonar certas habilidades e ir na direção de conquistar habilidades que estão em outro patamar, para um individuo inseguro, significa arriscar tudo que ele tem e conquistou, inclusive a própria PERSONAlidade.

Isso explica o fato de existir muito pouca gente capaz de pensar estrategicamente, não só no próprio negócio, mas na própria carreira!

O Fator EGO

Ora, se a personalidade de um individuo é composta pelo ID, ego e superego e a personalidade de uma empresa é dividida em estratégia, gestão e operação, todos, sem exceção, precisam aprender as responsabilidades, consequências e os frutos de ser dominado por uma ID impulsiva, um ego que tem tendência de não gostar de se indispor com ninguém e um superego frio, calculista e impessoal, e é por isso que você está lendo isso!

O FATOR EGO é uma provocação sobre o que acontece dentro das organizações! É um alerta sobre como a Estratégia, a Gestão e a Operação se enxergam dentro da empresa, ou seja, como algo distinto, separado e pior, com uma distância enorme entre os seus integrantes!

Veja bem, eu estou afirmando que, na sua empresa, as “entidades” que seriam responsáveis por fazer o seu negócio ter uma direção, seguir um caminho e conquistar um objetivo se olham e não se reconhecem, possuem aspirações complementares e não falam a mesma língua, querem equilíbrio na satisfação dos seus desejos e se ignoram! Parece loucura, mas é exatamente assim que a gente (como individuo) se trata. Principalmente quando fazemos questão de separar a razão da emoção, a vida pessoal da profissional, o prazer da obrigação.

No fim das contas, o nosso negócio é o que nós somos! O que o nosso negócio precisa é o mesmo que a gente precisa: consciência!  

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