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Musicalidade: a emoção na sua academia – Parte 2

Nessa segunda parte, vamos conhecer as bases e fundamentos para a prática da musicalidade mundial nas aulas coletivas de academias. Todas as academias de ginástica que possuem um quadro de aulas coletivas oferecidas precisam ter um time de profissionais qualificados, capacitados e bem treinados, não só nas técnicas das modalidades específicas de cada aula, mas também capazes de selecionar, organizar e ministrar suas aulas com as melhores músicas previamente reunidas em set lists montados, mixados e editados com a maior qualidade possível e baseados nos padrões internacionais. Todos os gestores, coordenadores, professores e estagiários devem estar atentos à musicalidade em suas academias, pois poderá ser um fator fundamental para uma maior motivação e aderência de seus clientes.

A música é de fundamental importância numa aula coletiva de academia. Assim como a trilha sonora de um filme de Hollywood faz toda a diferença no impacto e na emoção de cada cena que o diretor vai querer passar para o público. Quantos filmes são inesquecíveis até hoje pelas músicas e trilhas sonoras marcantes? Vários “Oscars” foram dados para temas musicais e trilhas sonoras que ficaram eternizados tanto ou mais que os próprios filmes em si.

Numa aula coletiva, a música é responsável pelo fornecimento do tempo para a realização dos movimentos, o que influencia diretamente na intensidade da atividade, além de poder tornar a aula muito mais didática, alegre e motivante.

É importante conhecer alguns conceitos fundamentais da música nas aulas coletivas para melhor aproveitá-la:

  • Compasso: é a unidade métrica na qual se divide a música, e é formado por tempos agrupados. Pode ser binário (2 tempos), ternário (3 tempos) ou quaternário (4 tempos). Os compassos fazem parte da teoria musical que os músicos estudam e utilizam. O primeiro tempo de cada compasso, geralmente o mais forte, é chamado acento métrico.
  • Oito: é a combinação de quatro compassos binários ou de dois compassos quaternários, o que forma um total de oito tempos. Esta nomenclatura foi criada há anos como uma convenção no mundo para ser utilizada na Dança e nas aulas coletivas coreografadas como: aeróbicas, Step, Street Dance, Aeroboxe, entre outras. Na realidade, o “oito” não existe na teoria musical. Pode ser confundido com “oitavas” para um músico, mas é totalmente diferente. Um músico não entende esse “código” dos “oitos” a não ser que se explique para ele através da multiplicação dos compassos binários ou quaternários. Esse “código” foi criado e utilizado para facilitar na elaboração, montagem, didática e de ensino-aprendizagem das coreografias. Pensem como sendo um “código” mundial – uma convenção como os sinais de trânsito, código morse, linguagem de sinais para surdos e mudos, etc.
  • Batimento (pulsação): é o conjunto das batidas constantes da música que de acordo com a proximidade das mesmas determinará o seu andamento (velocidade). Quanto mais próximas estiverem as batidas umas das outras, mais rápida será a música. Ele é medido através do número de batidas da música por minuto (BPM).
  • Frase Musical : Está relacionada com a melodia. Dá a ideia de início, meio e fim em cada momento da música. Eu preferiria até que fosse chamada de “parágrafo musical”, pois a cada troca de ideia da música, trocar-se-ia o parágrafo como nos textos, mas na teoria da musicalidade para aulas coreografadas chame-se de frase musical. Percebam bem nas músicas que sempre existe uma mudança da frase musical quando ocorre uma modificação na melodia. Pode ser a entrada de um instrumento diferente, uma batida nova, o refrão cantado, um verso, uma parte só instrumental, etc. As músicas geralmente são criadas em partes como por exemplo: introdução, instrumental, verso 1, verso 2, refrão, verso 3, refrão, instrumental, refrão 2 vezes e o fim da música. Em geral, nos últimos quatro tempos da frase musical ocorre fortemente um momento chamado de “virada da bateria” que certamente marcará o início de uma nova frase musical.

Voltando aos compassos, a maioria das músicas usadas em aulas coletivas coreografadas são do tipo DANCE, DISCO, HOUSE, FUNK, TECNO, HIP HOP. Essas músicas são basicamente de compassos quaternários, algumas de compassos binários. É raro termos aulas coletivas com músicas do tipo Valsas que são de compassos ternários. Lembram do código mundial para facilitar o ensino aprendizagem das coreografias? OS OITOS!  Olha a conta:  4 X compassos binários (2 tempos) = 8(oito) ou 2 X compassos quaternários (4 tempos) = 8(oito). Até aí tudo bem. Encontraremos os “oitos” nesses estilos de músicas. MAS a questão é: quase nenhuma música dessas produzidas e “baixadas” do YouTube ou em tocadores da internet estarão na frase musical ideal para REALMENTE FACILITAR o ensino aprendizagem, alcançando mais emoção e motivação às aulas. Para estar na frase musical, a música toda deverá estar organizada em 4 X oito tempos = 32 tempos. Os famosos e mundialmente conhecidos 32 counts. O set list da aula deve estar organizado no BPM correto para cada determinada atividade, regulando a intensidade para cada momento da aula e deixando o professor seguro que seus blocos coreográficos organizados em 4 x oitos estarão sincronizados perfeitamente nas frases musicais. “A música assim nunca deixará o professor na mão”. É fácil perceber uma aula “paralelos do ritmo”, onde a música está indo e o movimento proposto pelo professor está vindo, ou vice – versa. A música “pede” – VAI! E o professor VEM! Os alunos podem até não saber o que está acontecendo, muitos continuam fazendo o que o mestre está mandando fazer, mas acreditem que muitos SENTEM! Tem algo fora do lugar… Geralmente é a música!

Para isso, ao longo de anos, vários DJS se especializaram em edições, desde a época de cortes e colagens em fitas de rolo (escutem os depoimentos dos DJs GABO e SERGINHO nesta edição) até as edições ficarem sofisticadas pelos softwares de computadores. Vários profissionais no mundo utilizam essa técnica da edição dos 32 counts como a melhor ferramenta musical e profissional para as suas aulas. Existem diversas produtoras de set lists musicais para Fitness no mundo.

Infelizmente, houve um retrocesso e uma pouca importância no valor da utilização da música na sua essência mais profissional hoje em dia. Muito se dá até pela falta de orientação e aprendizagem dessas técnicas desde as faculdades.

 “Sinceramente hoje em dia vejo que nas aulas não tem mais a mesma emoção de antigamente. Os professores simplesmente colocam uma música qualquer do Youtube. Esquisito! Ao invés de ter evoluído ao longo destes 30 anos, regrediu e perdeu todo aquele glamour das aulas do passado.” (Gabriel Edemburg – DJ GABO –SP – Um dos mais famosos DJs do Brasil da área de ginástica aeróbica e Fitness). 

“A música e a atividade física são que nem feijão com arroz, têm que combinar direitinho para que a energia e a vibração estejam sempre presentes.” (Sérgio dos Santos Pinto Jr – DJ Serginho – Keep Going Fitness Music e High Energy). 

Como estudantes de Educação Física podem sair das faculdades mais preparados em relação à MUSICALIDADE para o mercado de trabalho?

Os estudantes de Educação Física do Bacharelado que pensam em trabalhar na área de dança e coletivas no mercado de academias deveriam começar a procurar se informar e treinar a musicalidade desde o período acadêmico nas faculdades. Muitas vezes essa disciplina ou matéria não consta na grade curricular, mas pergunte ao seu professor se ele saberia explicar e ensinar. Caso não, procure algum colega de turma que já tenha alguma experiência com dança ou com aulas coletivas e que saiba esses conceitos. Procure professores de aulas coletivas em academias de ginástica que conheçam essa técnica. Faça muitas aulas e procure observar se esses conceitos e técnicas de musicalidade são utilizados. “Cole ao lado de quem saiba, peça dicas e ajuda. Existem muitos cursos e também Escolas do Fitness muito bons hoje em dia onde a base de todas as aulas coletivas são nesses conceitos profissionais de MUSICALIDADE.

A verdade é que não é tão fácil em um primeiro momento. Mas com certeza facilmente poderá ser aprendido. Nada como a prática, com um bom acompanhamento e feedbacks. Ter materiais de set lists musicais em 32 counts, treinando muito para “OUVIR BEM” a música. A garantia é que depois que aprender, nunca mais esquecerá e haverá um SALTO DE QUALIDADE em suas aulas. Você alcançará um outro patamar e nível profissional. Será um “Professor WORLD CLASS” e poderá ministrar aulas em qualquer lugar do mundo com uma linguagem universal – A MÚSICA!

Deixo para você uma áudio aula sobre os conceitos básicos de musicalidade para aulas coletivas coreografadas para você perceber como funciona e treinar com dois exemplos de música que deixo mais abaixo:

Na próxima Edição da Revista Empresário & Fitness teremos a Parte 3, a última sobre a Musicalidade com os assuntos:

  • Como os gestores e coordenadores poderão recrutar, selecionar, treinar, analisar, dar feedbacks para profissionais de suas aulas coletivas?
  • Como aumentar a retenção, aderência, emoção e shows atraentes em suas academias?
  • Como ter mais clientes de todas as faixas etárias, de diferentes níveis, podendo atender tradições educacionais, culturais e religiosas diferentes numa mesma aula?

N.E.: Nosso colunista Fernando Fofão está organizando o evento FITNESS PARK e vale muito a pena participar para ter contato com a experiência dos dinossauros do fitness! Para saber mais, clique na imagem abaixo ou entre em contato diretamente com ele pelo WhatsApp.

Para conhecer o catálogo de set lists do DJ Adelmir da Aeromix, entre em contato direto pelo WhatsApp.