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Alongar ou aquecer, uma dúvida constante

Colunista: Mauro Guiselini

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Uma discussão muito frequente entre os profissionais de Educação Física que trabalham como professores de aulas coletivas, de musculação e treinamento personalizado, diz respeito à grande dúvida: o que fazer primeiro, alongar ou aquecer?

Esta pergunta é motivo de muita discussão, controvérsia e uma grande dúvida para muitos! Eu já havia abordado o tema em um outro artigo e volto agora para esclarecer alguns outros pontos, uma vez que o tema é vasto e não pode ser esgotado em um único artigo.

Aquecimento ou preparação para o movimento

O aquecimento é uma fase importante do treinamento e é entendido como a elevação da temperatura corpórea, aumento do fluxo de sangue para os músculos (maior disponibilidade de oxigênio), a velocidade dos impulsos nervosos, diminuição da viscosidade intramuscular (melhor deslizamento das fibras musculares), aumento da produção do líquido sinovial (melhor funcionamento das articulações), aumento da entrega de oxigênio e substratos para os músculos em ação enquanto remove os produtos de excreção e a liberação de oxigênio, hemoglobina e da mioglobina. O alongamento faz parte do aquecimento, mas não o substitui (Barbanti, 2010).

Professores, preparadores físicos e técnicos frequentemente confundem o conceito do desenvolvimento da flexibilidade e aquecimento. No entanto, a flexibilidade é uma capacidade biomotora importante para a prevenção de lesões à longo prazo; trabalhar a flexibilidade estática não é importante ou mesmo necessário ser trabalhada no aquecimento e pode, inclusive, ser contraproducente, muito embora, na literatura, encontremos profissionais que utilizam o alongamento ativo estático no início da sessão de treinamento.

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Alongamento

Para acabar com a confusão entre os conceitos de flexibilidade e alongamento: flexibilidade é uma capacidade biomotora e alongamento é o nome dado a diferentes técnicas de movimento que, entre vários objetivos, é utilizada para desenvolver a flexibilidade.

Figura 1. Alongamento ativo estático e de autotração

Diversos estudos apontam que o alongamento estático tem efeitos reversos: ele pode diminuir o desempenho na força, velocidade e atividades de potência. Os saltos em profundidade, os quais são excelentes práticas para melhorar a potência, têm uma redução significativa no desempenho quando realizados após o alongamento estático. As pesquisas que estudam o desempenho da força e potência em seguida do alongamento estático têm demonstrado uma diminuição de até 30% (Smith, 1994, Nelson et al, 2001, Nelson et al, 2005, Comeau, 2004).

Uma razão para muitos utilizarem o alongamento estático na fase de aquecimento é o fato de acreditarem que ele pode prevenir lesões nos músculos e tendões. No entanto, as pesquisas recentes indicam que o alongamento estático antes de um treino ou jogo/competição não apenas tem um benefício mínimo para a prevenção de lesões, como também aumenta a chance de ter um rendimento prejudicado.

As causas das lesões nas atividades cotidianas e esportivas são múltiplas; a flexibilidade é somente uma capacidade que pode, provavelmente, reduzir as probabilidades de lesões. Fadiga, volume de exercício são fatores que têm sido indicados como fatores que predispõe a lesões musculares.

Considerações finais

É importante compreender os conceitos de aquecimento, flexibilidade/mobilidade e técnicas de alongamento e como utilizá-las na elaboração do aquecimento. Assim, as técnicas de alongamento fazem parte integrante do aquecimento e a escolha da técnica é de responsabilidade do profissional à frente da sessão de exercícios. Entretanto, é conveniente lembrar que não é objetivo específico da fase de aquecimento o ganho significante da flexibilidade/mobilidade; estas capacidades biomotoras devem ser desenvolvidas de forma específica em outro momento da sessão de treinamento.

Referências Bibliográficas

  1. Aeberg E. Resistance Training Instructor. 2a. Ed. Human Kinetics: Champaign, 2007
  2. Barbanti, W. Formação do Esportista. Ed. Manole: São Paulo, 2005.
  3. Barbanti, W. Treinamento Esportivo: as capacidades motoras dos esportistas. Ed. Manole: São Paulo, 2010.
  4. Boyle M. Functional Training for Sports.Champaing, IL: Human Kinetics, 2004.
  5. Boyle, M. ADVANCES in Functional Training. On Target Publications: Santa Cruz, Califónia, 2010.
  6. Check, P. (2008). Functional Training (2nd. Edition)
  7. Clark, M. (2001). Integrated Training for New Millenium. National Academy of sports Medicine (1a. Edition)
  8. Clark, M. et al. NASM Essential of Personal Fitness Training. Lippicot Williams & Wilkins: Philadelphia, 2008.
  9. Cook, G. Athletic Body in Balance: optimal movement skills and conditioning for performance. Human Kinectics: Champaingn, IL, 2003.
  10. Gambetta, V. ATHLETIC DEVELOPMENT: The Art & Science of Functional Sports Conditioning. Human Kinect: Champaing, IL, 2007.
  11. Guiselini, M. e Guiselini, R. Aquecimento: Fundamentos Teóricos & Exercíciso Práticos. Instituto Mauro Guiselini: São Paulo, 2021
  12. Kisner, C. & Colby, L.A. Exercícios Terapêuticos: fundamentos e técnicas. 5ª. ed. Editora Manole: São Paulo, 2007.
  13. Kisner, C. & Colby, L.A. (2002). Therapeutic Exercise: Foundations & Techniques, 4th
  14. Prentice, W.E. (2004). Rehabilitation Techniques for Sports Medicine & Athletic Training, 4th
  15. Scheneider, W. et al. Mobilidade: teoria e prática. Santos Editora: São Paulo, 1995,
  16. Signorile, J. F. Bending the Aging Curve. IL: Human Kinectics, 201.
  17. The Cooper Institute. Personal Trainer Education-II Course Manual. Dallas, 2009.
  18. Zakharov, A. & Gomes, A. C. Ciência do Treinamento Esportivo. 2ª. Ed. Editora Grupo Palestra: Rio de Janeiro, 2003.

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