Olá caro leitor, folgo em encontrá-lo aqui mais uma vez!
Dessa vez trago mais um assunto polêmico para o qual muita gente vai torcer o nariz, mas como sou corajoso para falar a verdade, somente a verdade e toda a verdade sobre assuntos que povoam a mente da maioria do nosso público das academias de ginástica, em vez de me apegar a um monte de crendices populares, não vamos ter problemas, certo?
De fato, a questão do emagrecimento é bastante pertinente, uma vez que fomos levados a acreditar por muitas décadas que exercícios contínuos e de longa duração apresentam melhores resultados sobre o emagrecimento do que exercícios de alta intensidade. Isso não é culpa sua ou minha, mas a ciência avança, nós produzimos novos conhecimentos e logo o que postulávamos como verdades acaba sendo jogado por terra e novas verdades científicas acabam emergindo.
Em um dos seus mais de 160 estudos publicados, o Professor Paulo Gentil, uma boa amizade que venho desenvolvendo há algum tempo, demonstra que os exercícios intermitentes de alta intensidade como o HIIT e o SIT, apresentam maior poder de emagrecimento do que exercícios contínuos de intensidade moderada (Viana et al., 2019). O grupo de estudantes que eu lidero também demonstrou que exercícios resistidos ou o HIIT possuem melhor resultados do que a caminhada ou a corrida (Junior et al.; Vieira Catelani et al., 2014). De fato, a corrida ou a caminhada podem ser um estímulo extremamente catabólico, mas de músculo e não exatamente de gordura, e sim, os exercícios intensos são bastante eficazes por mudarem o direcionamento do metabolismo, ou seja, faz com que o seu corpo queime mais gordura quando em repouso do que durante o exercício, o que é mesmo uma quantidade pequeníssima.
Então vamos lá, provar o que eu falo aqui: um estudo publicado por um pesquisador chamado Robert Malina demonstrou que maratonistas, ou seja, pessoas que passam 2 horas correndo, apresentavam um percentual de gordura semelhante ao de corredores de 100, 200 e 400 metros (Malina, 2007). Mas como assim “quem corre 42 quilómetros possui o mesmo percentual de gordura do que pessoas que correm 100 metros?” Pois é, isso é verdade, esse estudo dele foi feito com 309 homens e 147 mulheres de 25 países em uma Olimpíada, que fez uma análise de composição corporal e notou isso.
Outro estudo de Robert Fleck, realizado com 528 atletas, indicados pelas suas federações americanas como os de ponta na sua respectiva área esportiva, demonstrou que, ao se traçar o percentual de gordura dos corredores de 100, 200, ou 400 metros rasos, eles eram iguais aos dos maratonistas em homens, contudo, as mulheres maratonistas apresentavam maior percentual de gordura do que as saltadoras, as corredoras de 400 e 800 metros (Fleck, 1983).
Percebam o que isso significa: até agora relatei dois estudos citando aproximadamente 900 atletas, mas, você pode se perguntar se com atleta não é diferente, afinal de contas, são atletas, possuem treinamento de altíssimo nível, usam drogas, alimentação etc. São diferentes de pessoas comuns, sim, então, vamos falar delas?
Um estudo realizado pelo Professor Angelo Tremblay da Universidade de MacMaster no Canadá, com 2623 pessoas, verificou o padrão de exercício de cada uma delas, separou-as em 4 grupos (intensidade baixa, moderada/baixa, moderada/alta e alta intensidade) e verificou que a composição corporal de pessoas praticantes de exercícios intensos ou moderado/intenso possuíam a menor circunferência da cintura e o menor acúmulo de adiposidade subcutânea (Tremblay, Simoneau & Bouchard, 1994).
Assim, poderíamos pensar que quem faz exercícios de intensidade mais alta gastaria mais calorias, certo? Errado! No estudo de Tremblay, quanto maior foi a intensidade, menor foi o gasto calórico, por um simples motivo: quanto mais intenso, menor o tempo de exposição ao exercício.
Eu e o meu grupo acabamos de submeter um artigo para uma revista científica que demonstra que o exercício, em especial o mais intenso, é capaz de controlar melhor o apetite e auxilia na luta contra a compulsão alimentar, outros distúrbios alimentares e na diminuição da adiposidade corporal (estudo ainda não publicado).
Portanto, vou mais uma vez reafirmar aqui que o exercício de alta intensidade, intervalado e de curta duração é uma vantagem de tempo, dinheiro e afetividade, o que pode representar negócios, eficácia e enorme entrega de valor ao cliente!
Até a próxima edição!
Referências bibliográficas
Fleck SJ. 1983. Body composition of elite American athletes. The American Journal of Sports Medicine. DOI: 10.1177/036354658301100604.
Junior AL, Braga JC, Azevedo AP, Gurgel C, Carvalho DA, Pernambuco CS, Ramos R, Cleria J, Bezerra P, Paulo R, Silva M, Sampaio AN, Velho P, Branco R, Janeiro D, Janeiro R De, Janeiro R De, Frio C, Janeiro R De, Janeiro R De, Janeiro R De, Branco R, Velho P, Alegre A, Branco R. TRAINING FOR MANAGEMENT OF BODY COMPOSITION , LIPID PROFILE.
Malina RM. 2007. Body Composition in Athletes: Assessment and Estimated Fatness. Clinics in Sports Medicine. DOI: 10.1016/j.csm.2006.11.004.
Tremblay A, Simoneau JA, Bouchard C. 1994. Impact of exercise intensity on body fatness and skeletal muscle metabolism. Metabolism. DOI: 10.1016/0026-0495(94)90259-3.
Viana RB, Naves JPA, Coswig VS, De Lira CAB, Steele J, Fisher JP, Gentil P. 2019. Is interval training the magic bullet for fat loss? A systematic review and meta-analysis comparing moderate-intensity continuous training with high-intensity interval training (HIIT). British Journal of Sports Medicine. DOI: 10.1136/bjsports-2018-099928.
Vieira Catelani M, Lameira de Oliveira G, Perini de Oliveira T, Reis de Souza F, Valentim-Silva J. 2014. Efeitos de um programa de exercícios resistidos na composição corporal e aspectos cardiovasculares em idosos hipertensos. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício (RBPFEX) 8:10.