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Supremacia dos nadadores altos

Colunista: Marcelo Barros de Vasconcellos

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Já foi o tempo que a altura no esporte de alto rendimento era notada apenas no basquete e voleibol, onde a média de altura dos jogadores da seleção brasileira são 1,99m e 1,98m respectivamente. Hoje em dia, existem atletas altos, com destaque, na maioria dos esportes e até mesmo em esportes que tradicionalmente não tinham participantes altos, tais como: no futebol, com o zagueiro Gustavo Henrique (1,96m); no tênis, Kevin Anderson (2,03m) e, no atletismo, com Usain Bolt (1,95m).

Na natação, a altura tem feito muita diferença, pelo menos entre os campeões olímpicos na prova de 50m livre masculino. Parece haver uma supremacia de nadadores altos nesta prova. Supremacia sendo aqui definida como a total e incontestável superioridade, hegemonia, primazia, preponderância.

No livro “Natação monitorada”, esclareço que parece haver uma relação entre o biotipo (altura) com a performance nas provas de 50m livre de natação. O retrospecto das provas aponta para a hegemonia de um biotipo padrão entre os campeões dos 50m livre. Desde que a prova passou a fazer parte do programa olímpico em Seul no ano de 1988, os vencedores foram: Matt Biondi (2,00m) em Seul 1988; Alexander Popov (1,97m) em Barcelona 1992 e Atlanta 1996; Gary Hall Jr. (1,98m) em Sydney 2000 e Atenas 2004; Cesar Cielo (1,95m) em Pequim 2008; Florent Manaudou (1,99m) em Londres 2012 e Anthony Ervin (1,91m) no Rio 2016.

Uma explicação para a supremacia de nadadores altos na prova dos 50m livre é que o desempenho do atleta é também fruto das suas medidas corporais (altura, envergadura, tamanho de mãos e pés), pois elas influenciam o comprimento de braçada e a frequência de braçada que um nadador combina para alcançar determinada velocidade. 

Assim, aferir o tamanho dos braços, mãos, pernas, pés e envergadura pode ser, no futuro, uma estratégia para identificação de indivíduos que podem vir a ter melhor desempenho na natação em provas curtas.

Categorias de natação

O que poderia ser feito para diminuir a supremacia de atletas altos é a criação de categorias nos esportes. Sobretudo, levar em consideração a altura dos atletas para categorizá-los. Isso não seria algo novo no esporte, pois em dado momento histórico percebeu-se que o biotipo (peso) do atleta era um fator de (des)vantagem e foram criadas categorias por peso, no judô e karatê, por exemplo.

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A criação de categorias por altura iria fomentar o esporte e mais pessoas com estatura baixa ou mediana poderiam chegar ao alto rendimento. Além disso, os mais baixos não se limitariam a participar de esportes para pessoas com “baixa” estatura tais como: ginástica artística (Arthur Zanetti com 1,56m) e saltos ornamentais (Chen Aisen com 1,68m).

A grande habilidade

De fato, os atletas estão cada vez mais altos e para enfrentá-los é preciso que os atletas mais baixos desenvolvam grandes habilidades motoras e estejam acima do padrão, habilidades essas que fizeram com que atletas “baixos”, tais como o nadador Ricardo Prado (1,68m) e os jogadores de futebol Maradona (1,65m) e Romário (1,67m) tivessem bom êxito no esporte.

O que veremos na natação nas próximas Olimpíadas? Surgirá um “pequeno Davi” com habilidades para vencer os “gigantes Golias” nos 50m livre? Independente da altura do vencedor na próxima Olimpíada, meu desejo é que haja reflexões sobre a supremacia dos atletas altos nos esportes e como podemos fazer para oportunizar competições mais igualitárias no que se refere ao biotipo do atleta.

Deixo como reflexão os questionamentos:

  1. Será que no feminino também existe supremacia para as mais altas na natação?
  2. Será que as competições que organiza em sua piscina são pensadas de forma a tentar igualar os biotipos?

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