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Empresas Inteligentes = Satisfação de Clientes + Prosperidade dos Negócios

Colunista: Edvaldo de Farias

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O conceito de Empresa Inteligente não é uma novidade no mundo dos negócios. Tem sua origem na década de 90, e inicialmente estava relacionada estritamente à automatização e inovação de processos, obtendo assim, melhores resultados e experiências para seus clientes internos e externos, além dos fornecedores.

Esta mudança de paradigma era viabilizada por meio de estruturação de dados e a respectiva capacidade de analisá-los como forma de gerar subsídios a tomadas de decisão, sobretudo as gerenciais, de natureza predominantemente estratégica. Em outras palavras, a empresa inteligente tinha como traço comum um certo nível de sofisticação na sua estratégia de gestão.

Assim ocorreu o salto qualitativo, diríamos mesmo, quântico, gerador da prosperidade e diferenciação de algumas empresas no final do século XX e início do atual, tanto de bens quanto de serviços, ao mesmo tempo em que outras, por não perceberem a mudança de paradigmas no cenário dos negócios, sucumbiram.

De fato, o conceito de empresa inteligente tem evoluído ao longo desse tempo e se adaptado aos novos contextos na produção da riqueza e das economias globais, para além das fronteiras geográficas.

Na migração da Era Industrial para a Era do Conhecimento, tornou-se fundamental compreender como armazenar, organizar e utilizar essa “nova moeda”, o conhecimento, de tal forma que ele pudesse ser o combustível da prosperidade dos negócios, ao mesmo tempo em que se tornava imperativo confrontar todo esse capital, agora predominantemente intelectual, com as informações transmitidas pelo mercado, pelos concorrentes e pelos consumidores em geral.

Se por um lado, há empresários, de diferentes segmentos de negócios, que afirmam ser a “leitura do mercado”, a forma mais eficaz de se antecipar à concorrência, já que fornecem dados capazes de favorecer tomadas de decisão inteligentes, Farias (2015, 2018) descreve que elas são, em última análise, um meio de agir dos gestores com foco na melhoria e perpetuação das empresas em paralelo à maximização de seus resultados, no cumprimento de sua missão institucional e a partir da sinergia de todas as pessoas que nela atuam.

Para este autor, toda essa interação entre a empresa, seus resultados e as pessoas que as compõem, é representada por uma tríade, a qual denominou Ciclo da Melhoria Contínua Baseada nas Pessoas, que se traduz pela afirmativa: “empresas podem ser cada vez melhores, e gerarem resultados cada vez melhores se, e somente se, investirem para que sejam compostas por pessoas cada vez melhores”.

O mesmo autor afirma ainda que, somente a partir do investimento nesses atributos torna-se possível seguir na direção do empoderamento das estratégias competitivas das empresas e de sua diferenciação mercadológica, potencializando, por força de consequência, o capital intelectual, indiscutivelmente, o maior patrimônio das empresas de serviços.

Em última análise, essa construção cria uma indiscutível diferenciação mercadológica, fazendo com que seu ICQ – Índice de Compromisso com a Qualidade – elevado, na percepção dos clientes, transforme-se na sua marca, representem seu patrimônio e seja usado por esses clientes como atributo relevante na avaliação da qualidade dos seus serviços.

Ressalte-se que a inteligência empresarial deriva absoluta e diretamente da capacidade cognitiva humana, ou seja, sua inteligência, e que esta encontra inclusive em Kahneman (2012) uma proposta de abordagem classificatória, quando afirma que funciona de duas formas distintas, mas interdependentes.

A primeira, rápida, que é mais intuitiva e controla a atividade cognitiva automática e involuntária e a segunda, devagar, mais lógica e deliberativa, predominante quando somos chamados a executar tarefas que demandam autocontrole e concentração. Tal organização nos permite o desenvolvimento de competências (saber o que fazer) e habilidades (saber fazer) sofisticadas para solucionar desafios cognitivos.

Nesse contexto, e visando sintetizar, dar direção e ajudar a partir da reflexão à ação, oferecemos aos gestores de empresas fitness & wellness na figura 1, e orientados por experiências empresariais exitosas, um conjunto de 10 dimensões nas quais uma empresa que se pretenda inteligente deve buscar desenvolver-se e empreender melhorias disruptivas no seu negócio, de tal forma que, além da mudança de paradigmas, efetivamente construa uma inteligência corporativa.

Figura 1 – Dimensões e respectivas ações em empresas de serviços fitness & wellness que favorecem sua transformação em empresas inteligentes
Fonte: o autor

Assim, sugere-se aos gestores de empresas e negócios fitness & wellness, nas suas inúmeras possibilidades, uma reflexão e discussão com seus colaboradores e equipes, em relação às dimensões descritas e respectivas ações, avaliando as possibilidades e compromissos de promover a transformação de seus negócios, com foco no necessário alinhamento com as tendências contemporâneas descritas pela ciência da gestão.

No que diz respeito às pessoas, razão de ser de todo e qualquer negócio nos serviços em fitness & wellness, não há mais dúvidas quanto à afirmativa de que são o elemento essencial, estruturante, na composição de empresas inteligentes.

Ratificando essa posição, Arianna Huffington, CEO da Thrive Global, empresa focada em buscar dados relacionados ao bem estar de colaboradores nas organizações, analisá-los e encontrar soluções para o alívio do estresse e da ansiedade causados pelo trabalho, afirma que se realmente acreditamos que os colaboradores são os ativos mais valiosos das empresas, então impulsionar e potencializar o que ela chama de resiliência mental deles é a chave para alcançar resultados comerciais incríveis e de forma sustentável.

Portanto, juntamente com a inovação tecnológica, manter o foco no bem-estar dos colaboradores deve ser o primeiro passo para uma boa performance do negócio pois, segundo ela, “(…) a maneira como seus funcionários aparecem e agem no trabalho afeta os negócios e, por isso mesmo, as empresas precisam focar em resultados sustentáveis e na comunicação dos valores da empresa (…)”, o que somente acontece a partir de pessoas satisfeitas de lá estarem fazendo o que fazem, certo? Abordamos isso com mais detalhes no número 94 desta revista.

Em síntese, num momento em que se discute a amplitude e espectro de possibilidades da inteligência artificial, como forma de elevar padrões de qualidade, rentabilidade na entrega de bens e serviços, não é possível que as empresas cujo foco é gerar ganhos para a melhoria da qualidade de vida e bem estar das pessoas, como são as do segmento fitness & wellness, não dediquem atenção e invistam na perspectiva de trazer o seu capital intelectual, resultante da síntese dos talentos que as compõem, para a “corrente sanguínea corporativa”, atrelando suas práticas ao conhecimento circulante no seu dia-a-dia e que tudo isso seja gerador de  entregas efetivas, que melhoram a experiência do cliente na sua relação de consumo.

Referências

FARIAS, E. Qualidade nos Serviços: O Que os Clientes Pensam Sobre Isso? Revista Empresário Fitness & Health (72), pp. 26-28. Acesso em 12 de outubro de 2020, disponível em https://empresariofitness.com.br/gestao-com-ciencia/qualidade-nos-servicos-o-que-os-clientes-pensam-sobre-isso/. (2015).

FARIAS, E., QUARESMA, L. F., VILAÇA-ALVES, J. & NEVES, E. B. A Perspectiva dos clientes na Construção de um Instrumento para Avaliar a Qualidade dos Serviços em Centros de Fitness no Rio de Janeiro. RGNE – Revista de Gestão e Negócios do Esporte,3 (2), 140-159. 2018.

FARIAS, E. Sua empresa é um bom lugar para trabalhar? Revista Empresário Fitness & Health (94), pp. 26-28. Acesso em 19 de novembro de 2020, disponível em https://empresariofitness.com.br/gestao-com-ciencia/sua-empresa-e-um-bom-lugar-para-trabalhar/  (2020).

KAHNEMAN, D. Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar. RJ: Objetiva, 2012.

REICHHELD, F.; MARKEY, R. A Pergunta Definitiva 2.0. RJ: Alta Books, 2018.

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