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Gestão de conflitos entre colaboradores no ambiente de trabalho

A gestão de conflitos no ambiente de trabalho se tornou uma demanda necessária para as academias por diversos motivos, mas principalmente por envolver relacionamento humano, crenças e valores, assim como pelo momento que foi vivenciado de 2020 a 2022 no que diz respeito à imposição de regras de convívio social.

Medidas preventivas nos ambientes das academias para este aspecto funcionam da mesma forma que um tratamento específico contra uma doença, e não tal qual um remédio que talvez remediaria a dor, mas o problema persistiria – que é o que acontece com medidas corretivas no geral (são importantes, mas muitas vezes apenas “escondem” o real problema).

Combinados assertivos, claros e formalizados, seja através de regimento interno de colaboradores ou contratos individuais de trabalho, podem auxiliar de forma a prevenir atritos e estabelecer formas de solução para situações desafiadoras.

Somado ao fato supramencionado, não obstante sejam medidas excepcionais e que auxiliam no gerenciamento de conflitos, funcionando como alicerce para gestores de academias, o momento mais importante para garantir o cumprimento dos combinados formalizados em regimento interno, por exemplo, é significar e implementar as regras junto com os colaboradores, além de recolher a ciência dos colaboradores através de um termo de ciência e recebimento do regimento interno.

Isso garantirá, por exemplo, que o gestor tenha como confrontar um colaborador, na hipótese de ele alegar desconhecimento das regras internas da academia.

Neste caso, uma medida corretiva prevista no documento, em conjunto com uma boa conversa, será capaz de corrigir a conduta do colaborador infrator ou então demonstrar que o colaborador não se adequa à cultura da empresa e para essa circunstância, formalizar a rescisão de forma correta será essencial para evitar eventual processo trabalhista.

Vale ressaltar que um regimento interno, em particular, pode abordar regras de convivência, condutas esperadas e procedimentos em caso de conflitos, regras relacionadas a uniforme e asseio pessoal, desconto em detrimento de erros e prejuízos causados pelos colaboradores, assim como direitos e deveres dos trabalhadores.

A sua efetividade está na adequação ao contexto da empresa, sendo importante que cada cláusula faça sentido para os colaboradores e para o cotidiano do ambiente da academia. Ao redigir o regimento, deve-se garantir que ele contemple tanto a perspectiva da academia quanto a dos colaboradores, capaz de promover um senso de justiça e de equidade.

Contudo, a simples existência do regimento não é suficiente.

Sua significação, ou seja, o entendimento claro pelos colaboradores de “porque” cada cláusula existe, é o que garante a eficácia das regras. Implementar o regimento significa investir em ações que promovam a internalização dos valores e normas estabelecidas.

Outrossim, o regimento interno não é a única forma capaz de prevenir e remediar conflitos internos entre colaboradores.

Outro ponto crucial para a gestão eficaz de conflitos é a implementação de um canal de denúncias, especialmente em grandes academias, onde nem sempre é possível que o gestor tenha uma visão completa de tudo o que acontece entre os colaboradores.

Um canal de denúncias permite que situações de assédio, discriminação ou outros comportamentos impróprios sejam reportados de maneira sigilosa e segura.

Esse canal não apenas amplia o alcance da gestão sobre o ambiente de trabalho, mas também cria uma cultura de transparência e confiança, onde os colaboradores se sentem à vontade para relatar problemas sem o receio de represálias.

E para que funcione de maneira eficiente, o canal de denúncias deve ser acessível e contar com uma equipe preparada para analisar as situações com imparcialidade e discrição, garantindo a proteção das partes envolvidas e promovendo a resolução justa dos conflitos.

Por fim, a gestão de conflitos em grandes ou pequenas academias exige um conjunto de estratégias que vai além da simples resolução de problemas quando eles já surgiram.

A formalização de regras através de contratos e regimentos internos, os treinamentos e a implementação de um canal de denúncia são ações que, em conjunto, formam uma cultura organizacional mais saudável e colaborativa.