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A origem do mercado de bem-estar

Você conhece a expressão baby boomers?

Os Baby Boomers são os nascidos entre 1945 e 1964. O termo, em inglês, se refere ao boom demográfico ocorrido nos Estados Unidos durante esse período.

Estas crianças do pós-guerra atingiram a idade adulta na década de 1970, acompanhando e participando ativamente das diversas transformações sociais, políticas e culturais pelas quais o mundo vinha passando. Sua força de trabalho e criatividade geraram a tecnologia necessária para que eles ampliassem a sua expectativa de vida.

Quando eles nasceram, a expectativa de vida era de 50 anos. Esse aumento na expectativa de vida ganhou o nome de Revolução da Longevidade.

Atualmente com idades entre 65 e 75 anos, aproximadamente, essa geração que criou as condições para vivermos mais, está buscando viver melhor, dando início a um novo movimento, a Revolução do Bem-estar.

O mercado do bem-estar nasceu do desejo dos baby boomers de aproveitarem mais a vida. Para tanto, começaram a consumir produtos (bens e serviços) que proporcionassem vitalidade e autonomia por mais tempo. Entenderam que com a prática regular e orientada do autocuidado isso seria possível.

A saúde pede M.A.I.S. = Movimento diário, Alimentação natural, Inteligência emocional e Sono reparador. Como cultivar tudo isso? Com a orientação dos profissionais da saúde e os produtos indicados por eles para se viver mais e melhor.

Buscando a longevidade

A busca pela longevidade saudável deu início à valorização dos Nutricionistas, Professores de Educação Física, Fisioterapeutas, Psicólogos, Esteticistas, que juntamente com os Médicos e Dentistas, se tornaram os “cuidadores” das pessoas que investem cada vez mais nesse processo. Ao perceber esse movimento, a indústria tratou de criar os produtos necessários para otimizar a vitalidade: suplementos alimentares, cosméticos, alimentos dietéticos, alimentos integrais, alimentos orgânicos, equipamentos e acessórios para ginástica, assim como roupas para um treino mais confortável e elegante. Nessa onda, nasceram os restaurantes de comida natural, as academias de ginástica, as lojas de suplementos alimentares, as lojas de roupas e acessórios esportivos, os spas e os hotéis com ampla programação de atividades físicas e refeições balanceadas.

Esse movimento começa a ganhar forma no final da década de 90. Não por acaso, em 2000, o Mestre Markus Nahas escreveu o livro Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida, definindo os principais conceitos da revolução em curso:

Qualidade de vida é “a condição humana resultante de um conjunto de parâmetros individuais e socioambientais, modificáveis ou não, que caracterizam as condições em que vive o ser humano”.

Como parâmetros socioambientais que interferem na qualidade de vida de um indivíduo, o autor destaca: moradia, transporte, segurança, assistência médica, condições de trabalho e remuneração, educação, opções de lazer e meio ambiente. Já os parâmetros individuais são apenas dois: hereditariedade e estilo de vida.

Estilo de vida representa o “conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades na vida das pessoas”. Esse último item – as oportunidades – está diretamente relacionado com os parâmetros socioambientais. Caso a pessoa não tenha acesso aos itens supracitados, terá a sua qualidade de vida comprometida. Exemplo: não ter acesso à saúde pública de qualidade dificulta a realização de exames médicos periódicos para acompanhamento do seu bem-estar biopsicossocial. Uma cidade que apresenta baixa oferta de transporte público, faz com que as pessoas tenham que acordar mais cedo e dormir mais tarde para ir e voltar do trabalho. Além de prejudicar o sono, interfere negativamente na nutrição e na prática regular de exercício físico.

O crescimento do mercado de bem-estar

Como “ações habituais”, Nahas sugere a prática do que ele chamou de pentáculo do bem-estar: nutrição saudável, prática regular e orientada de atividade física, controle do estresse, cultivar relacionamentos e ter comportamentos preventivos, tais como o uso de capacete para pilotar motos, cinto de segurança para dirigir carros, preservativo nas relações sexuais e a realização de consultas médicas regulares. O livro nos presenteia com um instrumento de avaliação do estilo de vida das pessoas. Uma ferramenta muito útil para os profissionais de saúde para conhecer melhor o estado atual do seu cliente e montar com ele a sua jornada para um estilo de vida saudável.

Mas foi o economista americano Paul Zane Pilzer, o primeiro a descrever o crescimento do mercado do bem-estar em seu livro The Wellnes Revolution, em 2002.

Além de apresentar o cenário de crescimento do novo mercado do trilhão, Pilzer destaca a guerra entre o mercado da doença e o mercado do bem-estar. Segundo ele, os americanos alcançaram níveis assustadores de sedentarismo, obesidade, hipertensão arterial e diabetes graças ao forte apelo das indústrias farmacêutica e de alimentos.

Uma medicina voltada para a prescrição de medicamentos que tratam a doença e o crescimento das redes de fast food com suas generosas porções de sal, açúcar e gordura representam o que ele chama de indústria da doença. Mais do que produtos que fazem mal à saúde, essa indústria promoveu um estilo de vida negativo.

Nahas (2000), Ogata e De Marchi (2007) apresentam didaticamente a necessidade da prática de um estilo de vida saudável através do Continuum da Doença – Bem-estar.

A prática positiva do M.A.I.S. = Movimento diário, Alimentação natural (descasque mais e desembale menos), Inteligência emocional em equilíbrio e Sono reparador, levam o praticante na direção do nível elevado de bem-estar.

McDonald’s e Coca-Cola no mercado do bem-estar

Por outro lado, a prática negativa do M.A.I.S. = Movimento nunca, Alimentação sobrenatural, Inteligência emocional em desequilíbrio e Sono insuficiente, levam o indivíduo na direção da doença ou morte prematura. 

Por esse motivo, Pilzer chama a indústria do bem-estar de indústria do bem. Em 2007, quando ele escreve The New Wellness Revolution, atualizando os números da edição de 2002, o que mais chama atenção é a migração de antigos vilões da “indústria do mal” para o lado dos mocinhos.

McDonald´s, estrela do documentário Super Size Me, passa a incorporar maçã ao seu tradicional Mclanche Feliz, promovendo assim, uma alimentação mais saudável para as crianças. Essa mudança no cardápio, além da saúde das crianças, otimizou a saúde financeira dos agricultores de maçã que ganharam vultosos pedidos da fruta para abastecer a rede.

Até a Coca-Cola, que apresenta em sua linha de produtos os dois piores alimentos para a saúde – refrigerante diet e refrigerante comum – adquiriu marcas menos perigosas para a qualidade de vida das pessoas. No Brasil, por exemplo, incorporou as linhas Matte Leão e Sucos Del Valle.

Segundo Pilzer, essa adaptação dos tradicionais vilões da indústria do mal na direção do estilo de vida saudável é o maior indicador da força da Revolução do Bem-estar.

A Pesquisa da McKinsey&Company (2021) US$ 1,5 trilhão, com crescimento anual de 5% a 10%, confirmando as previsões do economista Paul Zane Pilzer (2002).

E o melhor é que vivemos um cenário de oceano azul nesse mercado. Ainda temos muito para crescer: para começar, na qualidade dos bens e serviços ofertados hoje pelos diferentes players. É mister que os empresários entendam que esse é um mercado de pessoas cuidando de pessoas. Mais do que B2C ou B2B, o bem-estar é um movimento P2P, de pessoa para pessoa e por isso precisa praticar o AcOrA:

Acolher o seu desejo ou necessidade, Orientar sua jornada e Acompanhar o seu desenvolvimento.

Bora construir um 2023 memorável!!!

Para conhecer um pouco mais sobre o tema, recomendo as seguintes fontes:

NAHAS, Markus V.. Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida. Londrina: Midiograf, 2001.

OGATA, Alberto e DE MARCHI, Ricardo. Wellness: seu guia de bem-estar e qualidade de vida. São Paulo: Elsevier, 2007.

Super Size Me A Dieta do Palhaço. Assista aqui.

Sentir-se bem: o futuro do mercado de bem-estar de $ 1,5 trilhão. Leia aqui.