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A importância de remunerar adequadamente o instrutor de Pilates

Colunista: Rodrigo Perfeito

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Antes de iniciarmos nossa conversa, gostaria que olhassem com critério e muita reflexão a foto com o anúncio de “serviços domésticos”. Como estamos na era do não-pode-falar-nada-porque-é-preconceito, é preciso dizer que não tenho nada contra o salário da empregada doméstica, mas sim, quanto ao valor/hora ofertado em alguns estúdios de Pilates.

Essa foto foi postada em um grupo de profissionais da saúde, onde foi comentada por diversas pessoas exigindo um salário maior.

Esses valores estão imersos em construções sociais e mercadológicas tão complexas, que não será postando uma foto dessas que iremos reverter a situação dos profissionais de saúde que trabalham em estúdios de Pilates.

Vamos entender melhor como chegamos ao ponto de ganhar menos da metade que um profissional que, muitas vezes, não teve nem a chance de ser alfabetizado.

Preço médio empregada doméstica versus instrutor de Pilates

Enquanto as empregadas domésticas mais baratas estão cobrando R$ 25,00 a hora mais o valor da passagem, com formação acadêmica média de ensino fundamental completo ou incompleto, já vi alguns estúdios oferecendo R$ 12,00 a hora sem valor de passagem e com a frase mais famosa dos últimos tempos: “é preciso morar perto”. Detalhe é que além de graduados, muitos que acabam recebendo esse valor, são pós-graduados.

Vamos fazer uma conta básica para entendermos a dimensão do erro em ofertar esse valor levando em consideração que essa doméstica e o instrutor de Pilates trabalhem de segunda-feira até sexta-feira, 10h por dia.

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Doméstica: R$ 25,00 (hora aula) x 10 (horas por dia) + R$ 8,10 (duas passagens de ônibus) = R$ 258,10 (por dia) x 5 (dias na semana) = R$ 1290,50 x 4 (considerando 4 semanas no mês) = R$ 5.162,00 por mês.

Instrutor de Pilates: R$ 12,00 (hora aula) x 10 (horas por dia) – R$ 8,10 (passagens de ônibus) = R$ 111,9 (por dia) x 5 (dias na semana) = R$ 559,50 x 4 (considerando 4 semanas no mês) = R$ 2.238,00 por mês.

Não estamos fazendo juízo de valor no sentido de que a doméstica ganha demais, mas sim, ao contrário. O instrutor de Pilates que tem graduação, muitas vezes, especialização, vários outros cursos de aperfeiçoamento, não deveria receber menos da metade de uma doméstica. Um dos caminhos para reverter essa situação cabe a você dono de estúdio, buscando valorizar cada vez mais seu funcionário.

Para aprofundar ainda mais esse pensamento, vamos conversar sobre 4 itens que considero de suma importância, porém, sabemos que existem vários outros pontos a serem discutidos. Manda pra mim seu ponto de vista no Instagram @rodrigosperfeito!

Por que a empregada doméstica ganha mais que o instrutor?

Vamos refletir sobre 4 pontos que considero de fundamental importância para entendermos a atual desvalorização do instrutor de Pilates.

a) Imposição de importância: é preciso que o instrutor de Pilates demonstre exaustivamente e de modo técnico que exercício não pode e não é possível de ser prescrito por qualquer pessoa. E que além disso, para uma vida mais estética, funcional e saudável, é preciso se exercitar com constância e investir na matrícula do Pilates.

A doméstica mais barata consegue ganhar R$ 25,00 a hora porque conseguiu de alguma maneira mostrar para o cliente que o mesmo precisa dela. Mais ainda, que faxinar uma casa é difícil e que é preciso um profissional especialista para fazer essa tarefa bem-feita. O seu cliente sabe viver sem você?

b) Quebra de rotina: até conseguimos faxinar, cozinhar e passar nossa própria roupa, mas um dos fatores que nos faz contratar um profissional para fazer tarefas por nós é a evasão da rotina de tarefas diárias. A gente sabe cozinhar, mesmo assim, pede algo diferente do que o prato rotineiro.

Agora me responde como tiramos alguém da rotina de exercícios com os mesmos aparelhos e ambiente, se seu cliente ainda não entendeu que atividade física é para ser feita todos os dias e acompanhada de profissionais extremamente técnicos? Temos que construir esse pensamento e ressignificar uma sociedade brasileira totalmente invertida de valores.

c) Percepção de trabalho difícil de realizar: Até quando você vai ficar conversando sobre Big Brother ao invés de mostrar “que VOCÊ é o cara” e que prescrever exercício é tão complexo, que não bastam 5 anos de graduação? O dia que seu cliente entender que ele precisa de você e que não consegue quebrar galho sozinho, vira um consumidor do seu serviço.

Existem diversos fatores que serão analisados pelo praticante de Pilates, mas tudo começa no como nos comportamos e nos expressamos. Se você é um especialista, fale e se expresse como tal. Mostre que sem você, ele não alcançará o resultado que deseja. E nunca, jamais, deixe seu cliente e o seu patrão terem dúvidas se você é essencial!

d) O estúdio lucra pouco e, por isso, repassa pouco: essa reflexão vai para o empreendedor dono do estúdio de Pilates. Se o seu instrutor é especialista, deve ganhar como tal. Parte de você uma das tarefas de mudança para uma maior valorização do profissional.

E não me venha com a conversa de que o estúdio está lucrando pouco, e por isso, não tem como repassar um valor maior para seu funcionário. Já falei isso em diversas matérias aqui na revista Empresário Fitness & Health  e volto a repetir: se você não tem condições nem de investir no seu próprio estúdio ou funcionário, seu negócio está falido e a melhor opção é fechar as portas ao invés de perder tempo com algo que não lhe traz retorno.

Ficamos por aqui, espero que essa reflexão tenha ajudado tanto o dono do estúdio, como também o instrutor, a repensar melhor nossa imagem desvalorizada de profissional da saúde!

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