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Treinamento do core

Colunista: Mauro Guiselini

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O treinamento do CORE é motivo de muita controvérsia entre os especialista do movimento; utilizar exercícios específicos para tal finalidade é desnecessário uma vez que os “denominados músculos do CORE sempre são ativados” pelos mecanismos feedforward e feedback (conceitos específicos, não discutiremos em detalhes neste artigo).

A própria definição do CORE, de acordo com a literatura, apresenta diferenças com relação aos conceitos de músculos estabilizadores primários, secundários, músculos movimentadores dos segmentos superior e inferior, incluindo os complexos articulares dos ombros e quadris. Parece que o conceito original CQPL – complexo quadril pélvico lombar – foi ampliado.

É importante ressaltar que, neste artigo, utilizamos o termo “exercício isolado”, porém se faz necessário esclarecer que é uma classificação utilizada para identificar um tipo de exercício que prioriza o grupo muscular e respectiva articulação envolvida – geralmente monoplanar e monoarticular. Sob o ponto de vista biomecânico e cinesiológico, o corpo funciona em cadeia cinética, portanto, não existe, tecnicamente, exercício isolado. Uma flexão de cotovelos, abdução dos ombros com halteres, abdominal curto (crunch), tríceps no cabo, são alguns exemplos de exercícios considerados “isolados”.

A escolha dos exercícios

A maioria dos estudos revistos por Gottschall et al. (2013), foca nos exercícios isolados para o CORE, priorizando o músculo anterior do tronco – o reto abdominal. Para o citado autor, os exercícios de isolamento provocariam maior atividade desse musculo primário do CORE. No entanto, nenhum estudo tem propiciado uma clara demonstração de que os exercícios isolados são superiores aos exercícios integrados que também ativam os músculos distais do CORE, tais como o deltoide e glúteo (GOTTSCHALL et al., 2013).     

Exercícios integrados do CORE são definidos como movimentos que requerem a ativação dos músculos distais do tronco (deltoide e glúteo) e a ativação dos músculos proximais do tronco (abdominal e lombar) em comparação com os exercícios isolados do CORE que solicitam somente a ativação dos músculos proximais do tronco. (GOTTSCHALL et al., 2013).

Os exercícios multiarticulares, tais como levantamento Olímpico, agachamento Back Squat, são muitas vezes defendidos pela sua ênfase na coordenação, aprendizagem motora e estabilidade.

O aumento do estresse no ajuste postural com o levantamento Olímpico e variações de tais levantamentos podem beneficiar a ativação neuromotora.

O exercício flexão dos cotovelos, para a sua execução correta, solicita a ativação dos músculos do CORE para manter a estabilidade do tronco – os músculos da cadeia anterior são ativados de forma integrada, assim como no agachamento back Squat.

Consequentemente, para aumentar a performance esportiva e a ativação dos músculos do CORE, parece ser mais benéfico não enfatizar os exercícios resistidos em máquinas e enfatizar os exercícios com pesos livres (com a ação da força da gravidade).

Além disso, alguns pesquisadores e profissionais são de opinião que maior instabilidade em conjunto com exercícios multiarticulares são mais recomendados para uma maior coordenação motora e uma estabilidade como, por exemplo, no agachamento afundo, onde os músculos do CORE são ativados de forma isométrica para manter a estabilidade do tronco. No exercício Empurrar Horizontal no Cabo os músculos do CORE são ativados para manter a estabilidade do tronco.

Conexões do CORE

O CORE pode ser considerado como o link cinético essencial que facilita a transferência do torque e do momento angular, entre as extremidades inferior e superior do corpo, durante a performance das habilidades esportivas, habilidades ocupacionais, atividades de fitness (musculação, ginastica coletivas, treinamento multifuncional, entre outras) e atividades de vida diária (BEHM et al., 2009).

Por exemplo, durante o arremesso do beisebol, o momento angular e o torque são transferidos das extremidades inferiores, e em seguida para a cintura pélvica, tronco, cintura do ombro dominante e extremidade superior dominante e, em última instância, é liberada através dos dedos (BEHM et al., 2009).

Agora considere arremessar uma bola de beisebol de uma posição sentada; isso essencialmente dificulta a potência gerada pelas pernas que deveria ser transferida para o tronco e membros superiores. Usar as pernas para iniciar a ação de lançamento resultará em um lance muito mais rápido / mais distante do que um lance de uma posição sentada. O CORE fornece o link, que transmite a energia das pernas até os dedos. (MARTUSCELLO, et al., 2013).

Enfraquecimento dos músculos do CORE pode interromper a transferência do torque e do momento angular resultando numa velocidade baixa no arremesso (pitching). Neste caso, os músculos que atuam na articulação dos ombros compensam com maior produção de torque que, ao longo do tempo, pode resultar em lesões decorrentes do uso excessivo e inadequado. Assim sendo as estratégias de treinamento devem assegurar que não exista enfraquecimento na cadeia cinética, particularmente nos músculos do CORE, os quais conectam às extremidades inferiores.

Referências

Guiselini, M. e Guiselini, R. Avaliação do Movimento: como diagnosticar déficits de movimento para a prevenção de lesões e prescrição de treinamento personalizado e coletivo. Editora Dialética, São Paulo, 2024.

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