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Os métodos de treinamento utilizados nos programas personalizados e coletivos

Colunista: Mauro Guiselini

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O profissional de Educação Física que trabalha como Personal Trainer, depois de aplicar a Avaliação Multifuncional, identifica os objetivos e as necessidades do aluno/cliente – déficits de movimento – define a frequência, intensidade, volume (séries, repetições) e modalidade de exercício – a fórmula FIVM. O próximo passo é escolher o(s) método(s) de treinamento mais apropriado(s). Este procedimento é fundamental para a prescrição e progressão do programa de exercícios. A seleção do método requer uma compreensão das respostas fisiológicas dos vários métodos de treinamento e, de preferência, uma experiência pessoal com cada um dos métodos. Assim como a intensidade e a progressão, o método de treinamento depende do nível de aptidão funcional, das metas/objetivos e necessidades do(s) aluno(s).

O que é Treinamento

Do ponto de vista da biologia e medicina esportiva, treinamento é a repetição sistemática de tensões musculares dirigidas, com fenômenos de adaptação funcional e morfológica, visando a melhora do desempenho (HOLLMAN & HETINGER, 1980). Treinamento, de acordo com Barbanti (2005) é todo programa pedagógico de exercícios que objetiva melhorar as habilidades e aumentar as capacidades. Treinamento pode ser entendido, também, como a repetição sistemática de ações musculares dirigidas, com fenômenos de adaptação funcional e morfológica, visando à melhora do rendimento (GOMES, 2009). Segundo Lopes et al (2010) alguns autores, de treinamento esportivo, também classificam e dividem as adaptações em funcionais (referentes ao incremento das capacidades biomotoras) e morfológicas (referentes às alterações na composição corporal), que, no conjunto, denominam-se adaptações morfofuncionais.

O que é Método

A palavra Método vem do grego methodos que quer dizer “caminho para se chegar a um fim”. Método é também definido como meios ou recursos didáticos através dos quais o professor conduz a aprendizagem com o propósito de que em seus alunos ocorram mudanças desejáveis.

Método de Treinamento

Os métodos de treinamento são, portanto, as diferentes formas, maneiras ou modos pelos quais os exercícios podem ser realizados. Segundo Gomes (1999), compreendem, no verdadeiro sentido da palavra, os vários procedimentos tomados para sistematizar os meios que devem garantir os resultados almejados.

Os Meios

São os exercícios multifuncionais como, por exemplo, os exercícios correr, pedalar, subir escada, que são meios utilizados para manutenção da capacidade aeróbia, controle da hipertensão arterial ou diminuir a gordura corporal de um aluno que participa de programa de emagrecimento. Os exercícios com peso do corpo, acessórios e máquinas (musculação) são recomendados para o desenvolvimento da força, estabilidade, coordenação motora, ajudar no emagrecimento, entre outros objetivos. Todos os exercícios podem ser aplicados utilizando métodos diferentes, de acordo com os objetivos, déficits de movimento e nível da capacidade funcional do aluno/cliente.

Os principais métodos utilizados no Treinamento MultiFuncional

O grande desafio do Personal Trainer é escolher os métodos de treinamento mais adequados para alcançar os objetivos dos alunos – o desenvolvimento das capacidades biomotoras determinantes – e ao mesmo tempo, atender as necessidades identificadas na avaliação multifuncional – desenvolvimento das capacidades biomotoras complementares.

O treinamento contínuo, de acordo com Brooks (1998), é caracterizado por esforços mais longos que ¾ minutos, mas mais comumente de 10-20 minutos, ou mais. O treinamento contínuo é um esforço submáximo que pode ser confortavelmente mantido por períodos de tempo extensos e é executado em qualquer das intensidades: baixa, moderada ou alta (40-85% VO2máx. ou FCR). A atividade contínua pode ser mantida em uma porcentagem específica para VO2máx. e é dependente do nível de aptidão do seu cliente.

O treinamento intervalado utiliza intervalos repetidos de esforço cardiovascular que são realizados acima das intensidades em que você costuma trabalhar, como a que ocorre durante um esforço de ritmo constante ou um treinamento contínuo. A fim de sustentar e repetir essas intensidades mais altas, os intervalos de esforço são seguidos por intervalos de recuperação cardiovascular realizados num ritmo constante ou de intensidade mais baixa. Um intervalo de esforço seguido por um intervalo de recuperação é chamado de ciclo (BROOKS, 1999).

Método de treinamento que se caracteriza pela organização de estações de exercícios isolados e em cadeia cinética, com o peso do corpo, acessórios e máquinas, praticados em uma ou mais voltas (circuito), para o desenvolvimento de capacidades biomotoras e aperfeiçoamento de habilidades motoras (GUISELINI, 2016).

O sistema de séries múltiplas é realizado quando o praticante executa um determinado número de repetições e, após um descanso (sem outro exercício), realiza novamente essas repetições para o mesmo exercício, isto é, “duas séries”, mas o procedimento pode ser realizado com mais séries. O modelo “convencional ou tradicional” utiliza sempre o mesmo número de repetições (MARCHETTI et al., 2014).

Sistema de treinamento que consiste em realizar duas ou mais habilidade motoras multifuncionais – isoladas ou em cadeia cinética – diferentes, sem intervalo. Após a sua realização, segue-se um intervalo, para que seja feito o segundo set, após repetir o intervalo, inicia-se o terceiro set. O número de sets e repetições a serem realizados dependem dos objetivos e necessidades do aluno/cliente (GUISELINI, 2016).

São exercícios, técnicas ou procedimentos – alongamento – utilizados por professores de Educação Física, técnicos esportivos, preparadores físicos, terapeutas, fisioterapeutas, para aumentar a amplitude de movimento em uma articulação. Nos programas de condicionamento físico, os exercícios de alongamento são utilizados principalmente para o desenvolvimento e/ou manutenção da flexibilidade/mobilidade, consciência corporal, correção postural ou aumento do desempenho (performance) de determinadas habilidades ou modalidades de exercícios.

O Método de Treinamento ideal

É muito difícil afirmar que existe um método “ideal” ou o “melhor” método de treinamento; o consenso entre os profissionais de Educação Física e pesquisadores é que você pode escolher um método que seja o mais adequado para alcançar determinado objetivo e que, acima de tudo, esteja de acordo com a real capacidade funcional do aluno. Sob o ponto de vista pedagógico, recomendamos utilizar, para um mesmo objetivo, diferentes métodos/estratégias para que o seu aluno/cliente se sinta motivado e seja desafiado de acordo com as suas reais capacidades e habilidades.

Bibliografia

  1. ACE Personal Trainer Manual: The Ultimate Resources for Fitness Professional. 4a. ed. American Council Exercise. San Diego, CA. 2010.
  2. Barbanti, W. Treinamento esportivo: as capacidades motoras dos esportistas. Ed. Manole: São Paulo, 2010.
  3. Boyle M. Advances in Functional Training: Training Techniques for Coaches, Personal Trainers and Athletes. Aptos, CA. On Target Publications, 2010.
  4. Clark MA, Lucett, SC. NASM’s Essentials of Corretive Exercíse Training. Baltimore, MD. Lippincot Williams & Wilkis, 2011.
  5. Gambetta, Vern. Athletic Development: The Art & Science of Functional Sports Condition. Human Kinectics. Champaign, IL. 2007
  6. Guiselini, M e Guiselini, R. Avaliação MultiFuncional: prevenção de lesões e prescrição de treinamento. Instituto Mauro Guiselini de Ensino e Pesquisa. São Paulo, 2017.
  7. Guiselini, M e Guiselini, R. Treinamento MultiFuncional: fundamentos teóricos e aplicação prática. Instituto Mauro Guiselini de Ensino e Pesquisa. São Paulo, 2016.
  8. Lopes, C. al. Fisiologia do Treinamento Esportivo; força, potência, velocidade, resistência, periodização e habilidades psicológicas. Editora PHORTE. São Paulo, 2010.
  9. Lucett, SC. NASM’s Essentials of Corretive Exercíse Training. Baltimore, MD. Lippincot Williams & Wilkis, 2011.
  10. Reiman MP, Manske RC. Funcional testing in human performance:139 tests for sports, fitness, and occupacional settings. ed. USA: Human Kinetics; 2009.

 

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