Publicidade

[uam_ad id=”3500″]

O analfabeto corporal

Colunista: Mauro Guiselini

Publicidade

A palavra analfabetismo refere-se à falta de instrução da sociedade em relação à leitura e escrita. A rigor, quem não sabe ler e escrever é analfabeto. Juntas, essas pessoas representam a tendência chamada analfabetismo: falta de conhecimento de letras (leitura e escrita). Na sociedade atual, o analfabetismo representa um problema real em termos de inserção social, participação trabalhista e produtividade. Segundo a UNESCO, esse flagelo afeta mais de 750 milhões de pessoas em todo o mundo.

Analfabetismo funcional

Quando uma pessoa sabe ler e escrever, mas manifesta problemas de compreensão de leitura, emissão de informações escritas ou cálculos simples, fala-se de analfabetismo funcional. Nesse sentido, o conceito de analfabetismo funcional expressa a dificuldade que o sujeito tem de lidar com a aplicação de habilidades elementares de alfabetização e cálculo.

O analfabetismo funcional é a incapacidade ou dificuldade de compreender e interpretar textos simples, ou fazer cálculos básicos. O Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), que avalia o nível de analfabetismo da população brasileira entre 15 e 64 anos, trouxe dados alarmantes. Segundo a pesquisa mais recente, de 2018, 96% dos alunos que ingressaram ou concluíram o ensino superior foram considerados funcionalmente alfabetizados. Porém, apenas 34% destes estudantes alcançaram o nível máximo de proficiência, sendo que 38% não dominam habilidades básicas de leitura e escrita, muito triste, não!

Analfabetismo funcional corporal

De acordo com Gallahue (2008), a criança com desenvolvimento motor normal aos 7 anos é capaz de realizar as habilidades motoras básicas de locomoção (andar, correr, saltar), estabilização (equilibrar, flexionar, agachar, balançar) e manipulação (lançar, pegar, chutar, rebater); ela está alfabetizada, sob o ponto de vista neuromotor, em uma fase denominada “Fase Motora Fundamental”. Está preparada para a nova fase, denominada Fase Motora Especializada, para aprender habilidades motoras mais complexas, combinadas, em especial, aquelas relacionadas com a aprendizagem dos esportes.

Aos 7 anos estamos alfabetizados!

Vamos fazer uma analogia: alfabetização intelectual (aprender a ler e escrever) e corporal (aprender as habilidades motoras básicas). Se, em ambos os casos, não se continuar a aprendizagem cognitiva e motora, o processo de desenvolvimento é interrompido, estaciona e, no nosso caso, ocorre a involução – ficamos semianalfabetos sob o ponto de vista físico e motor. Se por um lado, a falta informação, de orientação, não frequência a escola, não ler e treinar a escrita (agora a digitação, escrever manualmente está em extinção) e o que foi aprendido, ao longo do tempo, entra no esquecimento.

De forma similar acontece como o corpo: nossa estrutura é para se movimentar, coração, músculos e articulações, resistentes, fortes e flexíveis, dependem de prática, de treino regular, caso contrário, sofremos as consequências do sedentarismo, que estão exaustivamente esclarecidas nos trabalhos científicos como, por exemplo, maior incidência de doenças crônico-degenerativas não transmissíveis,  incapacidade funcional para realizar as atividades cotidianas, mortes prematuras decorrentes de alterações funcionais (sistema cardiorrespiratório, por exemplo).

Analfabetismo corporal: os efeitos do sedentarismo

Personal trainers, coordenadores técnicos das academias, professores de musculação devem estar atentos a esses alunos/clientes: os analfabetos corporais!

É necessário fazer uma avaliação inicial para conhecer o nível de severidade do analfabetismo corporal; a grande maioria dos programas de treinamento são elaborados para alunos corporalmente alfabetizados, que conseguem realizar exercícios de alta intensidade, complexidade, são excelentes, porém inadequados para a grande maioria dos alunos iniciantes e sedentários que estão chegando para treinar sem, contudo, reunir condições físicas e neuromotoras para tais programas.

Por analogia, seria o mesmo que pedir para um aluno da 1ª série do ensino fundamental escrever um texto relatando as suas férias de verão! Seguramente ele pode comentar, mas não é capaz de tal tarefa, muito embora conheça as letras e palavras.

Precisamos de profissionais capazes de ensinar, motivar, atender com acolhimento os analfabetos corporais, caso contrário, eles irão embora, vai ocorrer a evasão, de forma similar ao que acontece nas escolas.

E aí, vocês estão preparados para ENCANTAR os analfabetos corporais? Eles são a grande maioria da população brasileira, é só ver o número de sedentários!

Leia outros artigos

O que achou desse artigo?

Publicidade

Publicidade

Publicidade

REF&H
Enviar