É caro leitor, agora há evidências muito fortes: o exercício é uma excelente arma no combate ao COVID-19!
Folgo em pode estar aqui com vocês escrevendo uma breve coluna sobre exercício físico e saúde, o que me deixa muito envaidecido, pois venho dedicando a minha carreira científica em grande parte para entender os efeitos do exercício sobre a saúde humana e, neste momento em que vivemos uma pesada pandemia causada por um vírus com enorme capacidade de contaminação, parece que o que eu tenho para dizer vem positivamente ao encontro da minha carreira e me indica que estive sempre trabalhado em um caminho muito auspicioso.
Há alguns meses, mesmo antes de termos as evidências diretas sobre o assunto, eu sugeria que o exercício físico poderia ser uma excelente medida contra a COVID-19 devido à sua capacidade de melhorar a saúde e isto foi confirmado recentemente em alguns estudos, inclusive, em dois estudos do nosso grupo, um teórico e outro investigativo sobre o tema.
Um estudo de um grupo do Departamento de Educação Física da Universidade de São Paulo fez uma pré-publicação demonstrando que pessoas fisicamente ativas antes da infecção por SARS-CoV-2 e posterior desenvolvimento da COVID-19, apresentaram menos 34,4% de internação se comparados com pessoas sedentárias (de Souza et al., 2020). Isso quer dizer que aproximadamente a cada 100 internações de sedentários, 66 fisicamente ativos foram internados, indicando um provável efeito protetor do exercício. O nosso grupo em um estudo ainda não publicado, adicionou um dado a este estudo que descreve que o exercício físico de maior intensidade parece ter um fator protetor adicional ao exercício de baixa intensidade (dados ainda não publicados).
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Adicionalmente, outro grupo da Universidade de São Paulo demonstrou haver uma relação inversa entre o volume da massa e força muscular com os dias de internação por COVID-19 (Gil et al., 2021) reforçando a ideia de que a prática de exercícios físicos pode sim ser uma excelente arma contra a COVID-19, seja para evitar os agravos, assim como fator para acelerar a recuperação em caso de internação.
Mas o que isso tem a ver com as academias, os negócios? Bom, as academias de ginástica, escolinhas e outras instalações que funcionam promovendo exercício ou o esporte também foram afetadas pela pandemia, pois os fechamentos das atividades não essenciais atingiu também as academias, o que foi uma posição muito equivocada, uma vez que as academias de ginástica promovem a saúde física e mental e ambas foram profundamente afetadas pelo isolamento social.
Dito isto, e sabendo-se que além de promover a saúde tradicionalmente reconhecida como a cardiovascular, o exercício sendo reconhecido como uma ferramenta contra a COVID-19 é mais um argumento para a sua reabertura, claro, que respeitando protocolos de segurança para se evitar a contaminação por SARS-CoV-2.
Nas próximas colunas continuaremos demonstrando sistematicamente os efeitos do exercício como uma ferramenta contra a COVID-19.
Referências bibliográficas
de Souza, F. R., Motta-Santos, D., Santos Soares, D. dos, de Lima, J. B., Cardozo, G. G., Pinto Guimarães, L. S., Negrão, C. E., & dos Santos, M. R. (2020). Physical Activity Decreases the Prevalence of COVID-19-associated Hospitalization: Brazil EXTRA Study. MedRxiv. https://doi.org/10.1101/2020.10.14.20212704
Gil, S., Filho, W. J., Shinjo, S. K., Ferriolli, E., Busse, A. L., Avelino-Silva, T. J., Longobardi, I., Junior, G. N. de O., Swinton, P., Gualano, B., & Roschel, H. (2021). Muscle Strength and Muscle Mass as Predictors of Hospital Length of Stay in Patients with Moderate to Severe COVID-19 A Prospective Observational Study. MedRxiv. https://medrxiv.org/cgi/content/short/2021.03.30.21254578