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Exercício físico e longevidade: mais anos de vida ou mais vida nos anos!

Colunista: Mauro Guiselini

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Viver mais é, sem dúvida o desejo de todos nós, porém a longevidade pode ser muito boa ou não, depende da maneira pela qual você vai viver esses anos. Mas como pode ser boa ou não? Se você é uma pessoa bem-humorada, com bom relacionamento socioafetivo com os amigos e família, que cuidou da sua saúde, adotou um estilo de vida saudável, com um propósito, viver muito tempo é, realmente muito bom. Será acolhido quando os anos chegarem, terá a oportunidade de ver seus filhos terem sucesso, a alegria de brincar com os netos e vê-los crescer e, quem sabe, os bisnetos, a sua vida será um “mar de rosas” – sem os espinhos. Porém, se você fez tudo ao contrário, foi uma pessoa ranzinza, mal-humorada, não estabeleceu relacionamentos socioafetivos, passou grande parte do tempo nos consultórios médicos, controlando a pressão arterial, tentando (sempre fracassando) diminuir a gordura corporal, sedentário por excelência, viver mais pode não ser muito bom.

Mas por quê?

A medicina consegue mantê-lo “vivo”, às custas de medicamentos e procedimentos que vão ajudá-lo a ficar por muitos anos na cama… vegetando. O seu mal humor afastou a sua família e amigos, serão anos de muita tristeza, saúde debilitada e solidão serão seus companheiros por muitos anos, afinal, a escolha foi sua.

Fatores determinantes para a longevidade

A expectativa de vida do ser humano varia bastante de acordo com a região, o país e as condições de vida. Em nível global, atualmente, a média está em torno de 73 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mas, em países desenvolvidos, pode ultrapassar os 80 anos. No Japão, por exemplo, a expectativa de vida é uma das mais altas, chegando a cerca de 85 anos. Assim, a análise do histórico da expectativa de vida revela não apenas um progresso no campo da saúde, mas também a complexidade interligada entre desenvolvimento econômico e condições sociais, corroborando a proposição de que a longevidade é um fenômeno multidimensional.

A expectativa de vida e os fatores determinantes da longevidade destacam a complexidade das interações entre aspectos biológicos, sociais e ambientais que influenciam a vida humana. Vivemos em uma era onde o aumento da longevidade é um fenômeno global, impulsionado por avanços significativos na medicina, nutrição e tecnologia. No entanto, essa expectativa de vida não é uniforme e varia de acordo com contextos regionais e socioeconômicos. Inúmeros estudos identificam os principais fatores determinantes para a longevidade, que incluem:

  • Estilo de vida saudável: alimentação equilibrada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras saudáveis, aliada à prática regular de atividade física.
  • Genética: a predisposição genética desempenha um papel importante, especialmente no que diz respeito à resistência a doenças.
  • Acesso à saúde: atendimento médico de qualidade, vacinas, exames regulares e tratamentos eficazes são cruciais.
  • Condições socioeconômicas: níveis mais elevados de educação e renda geralmente estão associados a melhores cuidados com a saúde e maior acesso a recursos.
  • Redução do estresse: práticas como meditação, mindfulness ou atividades prazerosas ajudam a reduzir o impacto do estresse crônico, que pode afetar a saúde.
  • Conexões sociais: manter relacionamentos saudáveis e uma rede de suporte social tem efeitos positivos na saúde mental e física.
  • Ambiente: viver em locais com menor poluição e condições ambientais favoráveis também contribui para uma vida longa.

Fatores como acesso a serviços de saúde de qualidade, níveis de educação, condições de trabalho e qualidade do meio ambiente desempenham papéis cruciais na definição de quanto tempo uma população pode viver de forma saudável. Além dos determinantes sociais, a promoção de estilos de vida saudáveis, como a prática regular de atividades físicas, alimentação equilibrada e a atenção ao bem-estar mental também têm um impacto substancial na longevidade. Pesquisas demonstram que países que investem em políticas de saúde pública voltadas para a promoção de bem-estar social e condições de vida adequadas observam uma correlação direta com a maior expectativa de vida.

Um olhar sobre a longevidade e exercício físico

Estudos científicos têm demonstrado uma robusta correlação entre a prática regular de exercícios físicos e o aumento da longevidade, especialmente entre a população idosa. Pesquisas revelam que indivíduos que se engajam em atividades físicas moderadas a intensas apresentam uma redução significativa na mortalidade por diversas causas. Um estudo longitudinal publicado no “Journal of Aging Research” indicou que a falta de atividade física está associada a um aumento de até 30% no risco de mortalidade precoce.

Além disso, a Organização Mundial da Saúde aponta que a inatividade física é um dos principais fatores de risco para doenças crônicas, como diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares, que, por sua vez, podem reduzir a expectativa de vida. A relação entre o exercício físico e a longevidade é substanciada por uma variedade de estudos que demonstram como uma vida ativa pode reduzir o risco de mortalidade por várias causas. Pesquisas indicam que indivíduos em idade avançada que mantêm um regime de exercícios são menos propensos a desenvolver condições como demência e depressão. Os efeitos benéficos da atividade física se estendem também ao aspecto social, uma vez que programas de exercícios em grupo promovem interação social e reduzem a solidão, aspectos fundamentais para o bem-estar psicológico. Portanto, enfatizar a importância do exercício não se limita à prevenção de doenças, mas abrange um espectro mais amplo de benefícios que contribuem para a longevidade saudável.

Os mecanismos biológicos subjacentes à relação entre exercício e longevidade são multifacetados. A prática de exercícios favorece a vascularização, melhora o metabolismo e promove a saúde cardiovascular. Além disso, o exercício físico atua na regulação hormonal, particularmente na liberação de endorfinas e hormônios anti-inflamatórios, que estão associados à redução do estresse oxidativo e à inflamação crônica, condições que afetam diretamente o envelhecimento celular. Estudos também sugerem que a atividade física regular está ligada à recuperação da massa muscular e da densidade óssea, fatores críticos para a manutenção da funcionalidade e autonomia na velhice. Essa melhora na condição física não só promove a longevidade, mas também contribui para a qualidade de vida, permitindo que os idosos se mantenham ativos e engajados em suas rotinas diárias.

A prática do exercício físico: o desafio de elaborar o programa

Lembrando que a prática regular do exercício físico, que está incluído no item “estilo de vida saudável”, ao lado da alimentação equilibrada, é o principal meio dos programas de treinamento com foco na longevidade. Os programas de treinamento (figura 1) que utilizam diferentes modalidades de exercícios são estruturados em quatro objetivos específicos focados para a:

  • Manutenção do nível de capacidade funcional relacionada à promoção da saúde bem-estar.
  •  Prevenção de doenças relacionadas ao sedentarismo.
  • Reabilitação (recuperação) de disfunções de diferentes sistemas corporais (musculoesquelético, cardiopulmonar, endócrino, neuromotor).
  • Performance em atividades esportivas de lazer ou alto rendimento.
Fig. 1 Programas de Treinamento e Longevidade (GUISELINI, 2025)

Estes quatro objetivos servem, portanto, de orientação para a escolha das modalidades de exercícios, métodos de treinamento e elaboração das sessões de treinamento. É importante lembrar que toda prescrição de treinamento deve considerar as metas/objetivos e necessidades dos alunos/clientes, informações imprescindíveis, obtidas na Avaliação Diagnóstica; sem elas o risco de ocorrer uma prescrição inadequada é muito grande.

As capacidades biomotoras, modalidades de exercícios e longevidade

Uma pergunta precisa ser respondida: quais são as capacidades biomotoras necessárias para a longevidade saudável? Esta resposta está muito clara nas inúmeras publicações sobre o tema em questão: o exercício.

Muitas pessoas leigas no assunto frequentemente perguntam, também, sobre qual é o exercício ideal. Temos dois pontos importantes, que devem ser de domínio dos profissionais de Educação Física: a relação entre capacidades e habilidades (exercícios), com base para a Elaboração do Programa e a respectiva prescrição de treinamento.

Fig. 1 Modelo de treinamento para Longevidade Saudável

De acordo com Guiselini e Guiselini (2024) a capacidade funcional (condição física para alguns), com foco na saúde e bem-estar, tem relação com o desenvolvimento das capacidades biomotoras força e potência muscular, endurance aeróbia/anaeróbia, mobilidade/flexibilidade, equilíbrio/estabilidade, consciência corporal, descontração e relaxamento.  A partir da identificação das metas/objetivos e resultados obtidos na Avaliação Multifuncional, um programa de treinamento a longo prazo deve ser elaborado. É uma tarefa desafiadora, considerando a necessidade de as pessoas incorporarem o exercício como um hábito saudável.

Os estudos científicos mostram, de forma clara e objetiva, com evidências, que as capacidades biomotoras são imprescindíveis para a longevidade saudável. São elas:

  • Endurance Aeróbia/Anaeróbia
  • Força e Potência Muscular
  • Mobilidade/Flexibilidade
  • Estabilidade/Equilíbrio

Coração, músculos esqueléticos e ossos fortes e resistentes são requisitos para um corpo saudável e são desenvolvidos por meio de diferentes modalidades de exercícios. É importante ressaltar que a escolha delas deve considerar tanto os seus efeitos para o desenvolvimento das citadas capacidades biomotoras, bem como o gosto e a preferência dos praticantes. Alegria e prazer em se exercitar são fundamentais para a aderência e, acima de tudo, poder contar com profissionais competentes, que conseguem motivar a seguir se exercitando.

Uma conclusão... nunca final!

A longevidade não deve ser vista apenas como um número, mas como um reflexo do bem-estar geral da sociedade. As políticas públicas que visam a não apenas prolongar a vida, mas assegurar que essa vida seja vivida com qualidade, tornam-se essenciais. A consciência coletiva sobre os hábitos saudáveis e, em particular, a inclusão do exercício físico regular, são fundamentais para uma expectativa de vida que resulte em anos adicionais de vida saudável e produtiva.  Ressaltamos a importância do Profissional de Educação Física, incorporado na área da saúde, no sentido de elaborar programas de exercícios, com sólidos fundamentos científicos e estratégias que contemplam o atendimento com acolhimento e mantêm a conectividade com seus alunos clientes.

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