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Avaliação da estabilidade e equilíbrio

Colunista: Mauro Guiselini

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A avaliação da capacidade funcional dos alunos/clientes 65+ que participam de Programas de Treinamento é essencial para identificar, entre outros indicadores clínicos, o nível de desenvolvimento das capacidades biomotoras relacionadas com a autonomia e a independência deles nas atividades cotidianas, laborais e de lazer, como, por exemplo, tomar banho, vestir-se, alimentar-se, caminhar e realizar tarefas domésticas. Permite identificar as necessidades específicas para ajudá-los a terem mais autonomia, independência e prescrever exercícios adequados à concretização dos objetivos específicos do programa.

A Avaliação Multifuncional para os alunos 65+ é crucial por várias razões:

  1. Prevenção de dependência: a avaliação precoce permite identificar possíveis dificuldades neuromotoras ou alterações de indicadores clínicos (glicemia, hipertensão) que os alunos/clientes possam estar enfrentando, o que ajuda a evitar a perda de autonomia e promove intervenções preventivas.
  2. Promoção da qualidade de vida: ao identificar limitações funcionais, é possível adaptar o ambiente, ajustar atividades e promover o fortalecimento muscular, a endurance aeróbia/anaeróbia, mobilidade e estabilidade, contribuindo para uma vida mais ativa e independente.
  3. Planejamento de cuidados personalizados: com base nos resultados da avaliação, os profissionais de Educação Física podem elaborar programas de treinamento específicos para atender às necessidades do aluno/cliente, promovendo maior conforto e segurança.
  4. Prevenção de quedas e acidentes: a capacidade funcional avalia a estabilidade/equilíbrio, a força e a coordenação do aluno/cliente, ajudando a prevenir quedas, que são uma das principais causas de hospitalização e complicações graves na terceira idade.
  5. Melhora da saúde mental e emocional: ao manter ou recuperar a capacidade de realizar tarefas diárias, os alunos/clientes sentem-se mais confiantes e valorizados, reduzindo o risco de depressão e sentimento de inutilidade.
  6. Monitoramento da evolução de doenças: em casos de doenças degenerativas, como Alzheimer e Parkinson, a avaliação funcional permite monitorar o avanço da doença e ajustar os cuidados conforme as mudanças na capacidade funcional do idoso.

Portanto, avaliar a capacidade funcional dos alunos/clientes 65+ contribui diretamente para a manutenção de sua autonomia, independência, segurança e qualidade de vida, além de auxiliar no planejamento de intervenções adequadas e na prevenção de complicações de saúde.

Importante salientar que a Avaliação Multifuncional não tem como objetivo primário o diagnóstico de disfunções fisiológicas dos sistemas cardiopulmonar, neuromuscular, endócrino, renal; seu principal objetivo é identificar possíveis déficits de movimento decorrentes das alterações das capacidades biomotoras. A avaliação clínica das disfunções é de competência de profissionais da área da saúde especializados para tal finalidade (médicos, nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas).

Assim sendo, os testes têm como objetivo primário avaliar o nível de desenvolvimento das capacidades biomotoras Endurance, Potência de Membros Inferiores, Agilidade, Mobilidade/Flexibilidade, Equilíbrio/Estabilidade, de acordo com os vários protocolos existentes na literatura especializada.

Portanto, o planejamento do Programa de Treinamento, com foco na Longevidade Saudável, considera as metas/objetivos dos alunos ingressantes, relatadas na anamnese, as necessidades decorrentes dos resultados obtidos na Avaliação Multifuncional e, eventualmente objetivos específicos solicitados pelos familiares ou demais profissionais da área da saúde que, por sua vez, sejam de competência dos profissionais de Educação Física responsáveis pela condução do programa. Disfunções específicas devem ser tratadas por profissionais especializados saindo, portanto, da responsabilidade dos responsáveis do Programa de Treinamento Longevidade Saudável.

Neste artigo vamos apresentar testes específicos para avaliar a estabilidade/equilíbrio (SIGNORILE, 2011; REIMAN E MASKE, 2008).

A importância dos testes de estabilidade/equilíbrio

A importância dos testes de estabilidade/equilíbrio, para alunos/clientes 65+, está diretamente ligada à necessidade de promover a qualidade de vida e prevenir quedas nessa faixa etária. Com o envelhecimento populacional, é fundamental abordar estratégias que garantam a segurança e a autonomia dos idosos, e os testes de estabilidade/equilíbrio desempenham um papel crucial nesse contexto.

A sua aplicação tem significado especial pela capacidade de avaliar a função sensorial, a integridade do sistema neuromuscular e a capacidade de manter a estabilidade/equilíbrio. Esses testes são essenciais para identificar possíveis déficits que podem levar a quedas, lesões e, em muitos casos, óbito. Além disso, permitem aos profissionais de saúde desenvolver estratégias de intervenção personalizadas para melhorar a estabilidade/equilíbrio e prevenir acidentes, contribuindo assim para a qualidade de vida e independência dos idosos.

A prevenção de quedas é um dos principais benefícios advindos da realização de testes de estabilidade/equilíbrio em idosos. Ao identificar possíveis déficits de estabilidade/equilíbrio, os profissionais de saúde podem implementar medidas preventivas, como programas de exercícios específicos e orientações sobre ambientes seguros. Isso é fundamental, considerando que as quedas representam uma das principais causas de lesões e hospitalizações em idosos, e podem ter impactos significativos na saúde e na qualidade de vida dessa população.

Tutorial de aplicação do teste estabilidade/equilíbrio

O Teste de estabilidade/equilíbrio sobre um dos pés tem sido utilizado como uma medida de estabilidade desde 1965. Tem alta correlação com medidas laboratoriais de alterações posturais (Sway) e é uma forte ferramenta clínica para predizer quedas. O teste pode ser administrado com os olhos abertos e fechados (SIGNORILE, 2011; REIMAN E MASKE, 2008).

O teste de equilíbrio unipodal é utilizado para avaliar o equilíbrio postural e o controle motor, especialmente em idosos. Ele é simples de realizar e ajuda a identificar o risco de quedas e fragilidade.

Protocolo para o Teste de Equilíbrio Unipodal

Materiais Necessários:

  • Cronômetro para medir o tempo em segundos.
  • Ambiente seguro com apoio próximo (como uma parede ou cadeira) para evitar quedas, caso necessário.
Figura 1. Teste de Equilíbrio Unipodal

Procedimento:

Posição Inicial:

  • O participante deve estar descalço ou com calçados confortáveis e em superfície plana.
  • Ele fica em posição ereta, com os pés alinhados e os braços ao longo do corpo.

Instruções:

  • O aluno fica em pé, com os pés unidos e braços estendidos ao lado do corpo (SIGNORELE, 2011), ou com as mãos apoiadas na cintura (REIMAN e MASKE, 200) cerca de 1 metro longe de uma parede ou outro objeto que tenha um ponto onde ele pode usar como referência. Pedir para o aluno retirar o tênis.
  • Demonstrar a técnica para o aluno/cliente realizar a tentativa.
  • Orientar o aluno/cliente a elevar uma perna cerca de 15 a 20 cm do solo e flexionar o joelho, manter ambas as mãos ao lado do corpo e orientar que uma perna não toque na outra. O cronometro deve ser acionado assim que o aluno/cliente adotar a posição inicial do teste.
  • O aluno/cliente deve manter-se na posição em pé, sobre uma das pernas o maior tempo possível, mantendo a perna estendida, braços ao lado do corpo, com apoio de um dos pés e olhando para o ponto de referência.
  • Permitir ao aluno/cliente realizar duas tentativas antes de coletar os dados.
  • Interromper o teste quando os braços do aluno/cliente se movimentarem para os lados, as mãos perderem o contato com o quadril, perder o apoio do pé no solo ou o pé elevado toca no solo ou na perda de apoio.
  • Se você desejar, o cliente pode realizar o teste com os olhos fechados.
  • Anotar o melhor resultado das três tentativas. Realizar dos dois lados para comparação.

Tentativas:

  • O teste geralmente é feito uma vez com cada perna, e o maior tempo de equilíbrio é registrado.

Tempo Máximo:

  • Alguns protocolos limitam o tempo a um máximo de 30 segundos. Se o participante mantém o equilíbrio por 30 segundos, o teste é encerrado e o tempo é anotado como 30 segundos.

Tabela de classificação do equilíbrio unipodal

A classificação dos resultados pode variar um pouco dependendo da idade, pois a estabilidade/equilíbrio tende a diminuir com o avanço da idade. Abaixo está uma tabela de referência com valores indicativos para adultos e idosos:

tabela-de-classificacao-do-teste-de-equilibrio-unipodal
Tabela 1. Classificação do teste de equilíbrio unipodal

Interpretação dos Resultados

  • Excelente: indica ótimo controle de equilíbrio e baixo risco de queda.
  • Bom: indica equilíbrio funcional e risco moderado de quedas.
  • Moderado: sugere diminuição do equilíbrio; recomenda-se atenção especial e exercícios de fortalecimento e equilíbrio.
  • Baixo: sugere alto risco de quedas; pode indicar necessidade de intervenção, como treinamento de equilíbrio e avaliação de fragilidade.

O teste de equilíbrio unipodal é uma ferramenta prática para avaliar a estabilidade postural e pode ajudar a identificar indivíduos em risco de quedas, especialmente em programas de reabilitação e prevenção de quedas em idosos.

Referências Bibliográficas

  1. Guiselini, M e Guiselini, R. Avaliação do Movimento: como diagnosticar déficits de movimento para a prevenção de lesões e prescrição de treinamento personalizado e para grupos. Editora Dialética. São Paulo, 2024.
  2. Reiman, M e Mansk, R. Functional Testing in Human Performance. Human Kinetics. Champaing, Ill, 2009.
  3. Signorile, J. Bending the Aging Curve: The Complete Exercise Guise for Older Adults. Human Kinetics. Champaing, Ill, 2011.

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