Essa frase foi dita por um cantor conhecido nacionalmente e replicada em diversas mídias. Imagino que outras pessoas concordem com ele, ignorando os princípios da macroeconomia.
Cabe aqui uma explicação:
Trazendo para o segmento fitness, os equipamentos, matéria prima, tecnologia ou peças de reposição em sua grande maioria são importados, portanto, cotados em dólar. O solado do seu tênis, tecidos, como nylon e grande parte dos pisos de academias são derivados de petróleo; portanto, cotados em dólar.
Combustíveis, arroz, açúcar, café, carnes, feijão e afins são commodities (produtos primários, como minerais ou agrícolas, que são produzidos em grande escala e comercializados internacionalmente.) O preço das commodities é determinado pela oferta e procura global e tem como referência a cotação do dólar, moeda que baseia as negociações de exportações/importações.
Exemplo: a cotação do dólar frente ao real ficou anos na faixa de US$1,00 para R$5,00. Supondo que a China como grande importadora de arroz pague US$1.000,00 por tonelada desse produto, quando a cotação do dólar passou de R$5,00 para R$6,00 os chineses continuam pagando US$1.000,00 por tonelada de arroz, sendo que agora ao converter a moeda o produtor recebe R$6.000,00 por tonelada ao invés dos R$5.000,00 que recebia anteriormente, gerando uma alta de 20% no preço do produto. Esse fato por si só eleva o preço do produto nas prateleiras dos supermercados e gera inflação. Esse exemplo vale para outros commodities como carne, ovos e derivados. O PIB (Produto Interno Bruto), bem como o saldo das balanças comerciais dos países são calculados em dólar.
“E por que a cotação do dólar sobe?”
O governo arrecada impostos que são usados para manter toda a estrutura na prestação de serviços para a sociedade, tais como: hospitais, escolas, segurança pública, os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), ministérios, fornecimento de água, tratamento de esgoto, ruas, estradas… e uma infinidade de ações que buscam a preservação, evolução, desenvolvimento, pesquisas e a manutenção da ordem. O ideal é que essa equação seja superavitária, apesar dos altos custos, e que o saldo construa reservas positivas crescentes e constantes, que chancelem que o país está em ordem, sendo seguro para investidores externos.
Agências internacionais analisam os números e asseguram notas que atribuem graus de investimentos positivos ou negativos direcionando o capital circulante global estimado entre US$60/US$70 trilhões que buscam oportunidades para alocar esses recursos. As agências de classificação de risco atribuem notas aos países, que indicam a capacidade de honrar as obrigações com os credores. Em outubro de 2024, a agência de classificação de risco Moody’s elevou o rating do Brasil de Ba2 para Ba1, mantendo a perspectiva positiva. No entanto, o Brasil ainda não alcançou o grau de investimento.
É interessante para os países atrair capital externo, pois gera empregos e faz girar a economia, gerando recursos para pessoas e famílias que passam a consumir mais pagando mais impostos e gerando mais caixa para o governo investir em infraestrutura. É uma espiral positiva que se retroalimenta.
Quando um fundo estrangeiro decide investir no Brasil, é preciso se cadastrar no Banco Central e converter o valor do investimento de dólar para real (entrada de dólares no país). Sendo assim, ele vende dólares para o BC, que dependendo do volume, pode derrubar a cotação. Esse é o melhor dos mundos!
Quando as contas do governo não fecham e ele gasta mais do que arrecada, sinaliza que as contas estão em desordem, tendo dificuldade para captar recursos externos, obrigando-o a elevar os juros e, em consequência, a dívida pública sobe. Caso os investidores externos decidam retirar seus recursos do país, ele converte seus reais em dólares no mesmo Banco Central elevando a cotação. É o que está acontecendo!
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