Fala-se muito da crise; aquela “marolinha” que tomou vulto e arrastou mais de 285.000 empresas no país para o além, e com elas 13.000.000 de empregos. Crise no comércio, na indústria, nos serviços, no funcionalismo público e na aposentadoria. Em todas as direções vemos os estragos da crise. E ninguém está acima dela. Mas, como tudo na vida têm seu lado bom. Qual seria o lado bom dessa crise? Eu afirmo que as oportunidades.
A queda no faturamento desvalorizou as empresas e até as ferramentas de avaliação como o fluxo de caixa descontado apresenta números contraditórios; pois, se a empresa não apresenta lucro a taxa interna de retorno será infinita. Sim, mas se você enquanto postulante a empreendedor, embora com capital de investimento reduzido, agora poderá se candidatar á sócio daquela empresa que parecia impossível.
Mas, vamos com calma. Façamos as contas antes de batermos o martelo.
Levante todos os custos, começando pelo custo fixo. Em seguida o custo variável. Avalie as receitas dos períodos anteriores. Encontre o ponto de equilíbrio e compare com os resultados alcançados. Descubra através de pesquisa fiel a demanda dos clientes em geral; ativos e desligados. Qual a necessidade de investimento para reaver os que se desligaram da empresa? Um plano de marketing será indicado; o tempo de maturação poderá chegar a dois anos, o que exige capital de giro para atravessar esse período.
Por exemplo:
Uma academia que costumava operar em média com 600 clientes pagantes mensais a um ticket médio de R$100,00.
Com a crise o número de clientes e o faturamento sofreram queda de 40%.
Se trabalhávamos com uma margem de lucro líquido de 25% sobre o faturamento e a queda foi de 40%, conta simples: “Estamos operando no vermelho”.
Em um primeiro momento os gestores analisam o cenário e a crise como passageira. Consomem-se as reservas, o capital de giro, o cheque especial… e surgem os empréstimos e posteriormente os atrasos nos pagamentos e obrigações. Só então é pensada a redução de custos. Dispensa de funcionários, economia de energia elétrica, reverem toda a parte hidráulica, vazamentos…
“Temos que reduzir os custos e cortar os gastos!”
Muito bom, perfeito; mas e a sua retirada, seu pró-labore, continua o mesmo?
Como vemos, há muitas questões á serem avaliadas num cenário recessivo.
“Acho que preciso de um sócio, dinheiro novo.”
Pode ser a solução, mas antes disso reduza seus custos ao máximo. Possui algum bem que possa ser desfeito, como casa de praia, automóvel, aplicações financeiras, fundos de previdência? Caso a resposta seja não, pensemos em um sócio ou arrendamento. Mas, no caso de um sócio, os valores oriundos deste não devem ser retirados a título de “cash out”, mas sim redução ou eliminação dos juros oriundos das dívidas e analisar investimentos visando retomar os clientes perdidos e outros novos.
Mas como saber se os valores em negociação são justos para a entrada de um novo player? Boa pergunta. Busquemos as resposta que se esconde nos números do banco de dados.
Agora vamos às despesas:
Tínhamos: Receitas – Despesas = R$16.000,00 Com a retirada de todo o resultado pelos sócios.
Em um segundo cenário, com a soma das receitas totais em R$38.400,00 e um corte drástico de gastos chegamos aos seguintes números:
No segundo cenário temos: Receitas – Despesas = R$3.000,00 Com a retirada de toda a receita líquida pelos sócios e muito trabalho já que retornou à sala de musculação e coletivas.
PERGUNTA: “Como alguém que vivia com R$16.000,00 passará a viver com R$3.000,00?”.
Tempos difíceis. A vida pessoal está comprometida; gastos familiares, colégio das crianças, condomínio, clube, viagens… e agora?
A entrada de um investidor, um sócio, seria muito bem vinda.
Ok, mas pense que para voltar aos patamares de resultados anteriores ao início da crise é necessário investimento e tempo. E mesmo que consiga agora o resultado seria dividido ao meio.
Cartas à mesa. Façam suas apostas. Boa sorte e bons negócios.