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Máquina do tempo fitness: o futuro nas raízes

Colunista: Fernando "Fofão" Vieira

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Uma jornada no tempo em busca da reinvenção

Embarque em uma jornada extraordinária através do tempo e do suor! Imagine-se transportado para um futuro onde as academias são mais do que lugares para treinar, são comunidades vibrantes, tecnologicamente avançadas, mas com o calor humano de uma era passada. Parece ficção científica? Na verdade, esse futuro está mais próximo do que você pensa, e o segredo para alcançá-lo está enterrado no DNA de lendárias academias brasileiras como: FISILABOR, ACM e CORPORE.

Neste artigo revelador, vamos desbloquear a máquina do tempo do Fitness para extrair as estratégias revolucionárias dessas pioneiras. Prepare-se para descobrir como transformar sua academia em um epicentro de inovação, conexão humana e bem-estar, usando as ferramentas do passado para esculpir o futuro.

As estratégias visionárias da FISILABOR, ACM e Corpore, que já eram revolucionárias naquela época, hoje podem se revelar como mapas para o sucesso no Mercado Fitness contemporâneo. Ao desenterrar essas gemas de sabedoria, percebemos que o verdadeiro progresso no Fitness não é uma linha reta para o futuro, mas um ciclo de reinvenção onde as melhores ideias do passado são a chave para desbloquear o potencial inexplorado do amanhã. O futuro das academias, portanto, não está apenas à nossa frente, está também nas raízes profundas de nossa história Fitness, esperando para ser redescoberto e reimaginado.

O amanhã de sua academia começa agora, nas páginas desta máquina do tempo neste artigo cheio de insights valiosos. Leia com atenção e sabedoria. Vamos turbinar o DeLorean e partir?

Fisilabor: o berço da inovação integral no fitness brasileiro

A Fisilabor não foi meramente uma academia, ela foi um verdadeiro laboratório de inovação que integrou, de forma pioneira, saúde, esporte e exercício físico em um único conceito. 

Fundada pelos médicos visionários Carlos Heitor e Roberto Moreira Rodrigues, a instituição revolucionou o mercado Fitness brasileiro, operando com excelência durante as décadas de 80 e 90 e permanecendo como referência mesmo após o fechamento de sua unidade original em outubro de 2007.

Uma história de pioneirismo e humanização, ideologia transformadora e ambiente inspirador

Desde sua criação, a Fisilabor destacou-se pelo ambiente acolhedor e por uma proposta inovadora que unificava a Medicina Esportiva, a reabilitação e o aprimoramento físico. Os fundadores, Carlos Heitor e Roberto Moreira Rodrigues, construíram um espaço onde o cliente não era apenas um aluno, mas sim, alguém que fazia parte de uma jornada de autoconhecimento e prevenção de doenças. Essa abordagem humanizada, que valorizava o fator humano e a dedicação do time, marcou profundamente a cultura interna daquele centro de saúde, muito mais do que uma academia. Um exemplo disso, conforme relatado pelo Prof. Norton Martins de Freitas, nosso entrevistado, ex-coordenador de musculação e da Equipe de Corrida, foi: “o diferencial do Fisilabor está na integração do corpo com a mente e com os métodos médicos de precisão.” No início era chamado de O Fisilabor porque era um Centro de treinamento, saúde e bem estar. Depois se popularizou como a academia Fisilabor.

Estrutura e atendimento diferenciado

Logo na entrada, cada cliente passava por uma avaliação física abrangente e meticulosamente planejada. Esse exame inicial incluía:

  • Medidas de repouso: aferição de pressão arterial e frequência cardíaca.
  • Teste submáximo em bicicleta ergométrica: baseado no protocolo de Astrand, que permitia uma análise acurada do desempenho cardiovascular.
  • Teste de Aptidão Física (TAF): avaliava a performance em diversas valências físicas.

Com base nos resultados dessa avaliação, os clientes eram encaminhados para um dos quatro salões, cada um adaptado a níveis e necessidades específicas:

  1. Salão 1: destinado aos alunos com nível avançado, desafiando-os com exercícios de alta intensidade.
  2. Salão 2: voltado para praticantes intermediários, com uma progressão gradual e monitorada.
  3. Salão 3: focado nos iniciantes, proporcionando uma base sólida e segura para o início dos treinos.
  4. Salão 4: exclusivamente para grupos especiais, como idosos e pessoas em reabilitação cardíaca, com supervisão personalizada.

O uso de fichas individuais – codificadas por cores – possibilitava um acompanhamento detalhado da frequência e evolução dos alunos. Esse sistema permitia reavaliações periódicas, garantindo que cada pessoa evoluísse de acordo com suas capacidades e necessidades, respeitando assim todo o potencial do treinamento.

Integração entre exercício e acompanhamento médico

A Fisilabor foi pioneira ao integrar de forma coesa os métodos científicos de avaliação física com um acompanhamento médico rigoroso. Dispondo de uma equipe médica especializada, os profissionais de Educação Física trabalhavam lado a lado com especialistas para ajustar os treinamentos, garantindo a segurança e a eficácia dos exercícios.

A expertise do Prof. Norton Martins de Freitas, que atuou como coordenador de musculação e da Equipe de Corrida, e do Prof. Angelo Dias, também entrevistado para este artigo, professor da Fisilabor na época, reforçou a legitimidade desse método. Segundo o Prof. Angelo Dias, “se o modelo original da Fisilabor existisse hoje, provavelmente experimentaria um sucesso ainda maior.”

Por que as academias atuais não bebem dessa fonte?

Essa filosofia integradora não só educava os clientes sobre os efeitos preventivos dos exercícios, mas também enfatizava a relação íntima entre saúde e prática física.

Inovação, programas especializados e legado duradouro

A inovação na Fisilabor ia além da infraestrutura física e das avaliações bem organizadas e constantes. A academia desenvolveu programas especializados que integravam atendimento médico, nutricional e de Educação Física. Exemplos desses programas incluíam iniciativas que visavam a saúde integral, onde o acompanhamento psicológico era oferecido quando necessário.

Sempre atenta às tendências do mercado, a Fisilabor foi uma das primeiras a introduzir modalidades inovadoras, aulas como P.E.G.A , Boys and Girls, além de adaptar aulas de aeróbica e step em seus quatro salões, cada qual com níveis diferenciados para atender a todo tipo de perfil de aluno.

Um programa de musculação excelente com profissionais de alto nível que aplicavam também séries e todas as recomendações vindas das avaliações. Mais importante que as avaliações eram as reavaliações que poderiam dar um “Upgrade” nos níveis dos alunos. Mais um ponto maravilhoso de estímulo e aderência.

Gestão e cultura de excelência

Sob a liderança visionária de Carlos Heitor, a administração da Fisilabor investia fortemente no desenvolvimento profissional de seu time de saúde, onde os Profissionais de Educação Física eram agentes fundamentais. Esse modelo de gestão, marcado pela dedicação e paixão pelo projeto, fomentou um ambiente de trabalho onde as relações pessoais e profissionais se integravam de forma harmoniosa. Tal postura inspirava os colaboradores a buscarem constantemente a excelência no atendimento.

O fim de uma era e seus impactos no mercado fitness

Durante seu auge nas décadas de 80 e 90, a Fisilabor consolidou um padrão de excelência que continuou a influenciar o mercado mesmo após o fechamento da unidade original em outubro de 2007. Ainda que esse marco tenha encerrado oficialmente uma era de inovação, o legado da academia persiste em unidades que se adaptaram às novas tendências do mercado.

O modelo revolucionário da Fisilabor, fundamentado em avaliações científicas, acompanhamento individualizado e uma gestão que colocava o fator humano no centro do processo, tornou-se um estudo de caso e uma fonte de inspiração para academias e profissionais do Fitness que buscam promover um serviço orientado para a saúde integral.

ACM: a construção de uma comunidade de bem-estar e seu legado no fitness brasileiro

A Associação Cristã de Moços (ACM), conhecida internacionalmente como YMCA, não era exatamente uma academia, era uma associação, um clube, mas que tinha exercícios em aparelhos de musculação, aulas de ginástica coletivas e muito mais.  Transformou radicalmente a ideia de exercício físico ao unir, de maneira inovadora, o desenvolvimento humano integral à prática esportiva. 

Com raízes que remontam à fundação original da YMCA em 6 de junho de 1844, em Londres, por George Williams e seus colaboradores, a ACM chegou ao Brasil em 1893 e ganhou destaque especialmente nas décadas de 80 e 90, estendendo sua influência até o início dos anos 2000. Sua proposta sempre foi pautada na construção de uma comunidade vibrante, na valorização do acolhimento e na promoção de ações culturais, sociais e fraternas que iam muito além dos exercícios físicos.

Um modelo inovador: a estrutura "bimotora" e a qualificação profissional

Inspirada na rica história da YMCA, a ACM implementou um sistema de gestão inovador, apelidado de “modelo bimotor”. Essa estrutura reunia a liderança compartilhada de um diretor voluntário e de um secretário executivo profissional, permitindo um equilíbrio entre o comprometimento voluntário e a eficiência administrativa. Essa gestão diferenciada possibilitava não somente a excelência na condução das atividades esportivas, mas também um ambiente voltado para o crescimento pessoal e para a troca intercultural.

A formação dos profissionais era rigorosa e central para o legado da ACM. Conforme relatado pelo Prof. Edson Brum, um dos protagonistas dessa jornada, “a sólida formação profissional iniciava com um curso de liderança interno, seguido por um curso de secretário executivo de 3 anos, realizado em Sorocaba e São Paulo. Essa experiência não só fortalecia os laços entre os participantes, mas também proporcionava uma visão intercultural enriquecedora.”

Além da qualificação, os professores e demais colaboradores eram contratados em regime de mensalistas, com cargas horárias específicas – em muitas ocasiões, sendo 21 horas semanais – o que assegurava estabilidade e comprometimento com a instituição. Essa política de trabalho, apesar de sua exigência de exclusividade, enfatizava a importância de manter uma remuneração justa e a oferta de treinamentos contínuos para o aprimoramento técnico e humano dos profissionais.

Infraestrutura, atividades e o processo de acolhimento

No Rio de Janeiro, a ACM consolidou sua presença com quatro unidades principais: nas regiões da Lapa, Ilha do Governador, Engenho de Dentro e uma sede campestre em Araras. Essa distribuição permitia uma abrangência tanto em áreas urbanas quanto em zonas rurais, garantindo que os associados tivessem acesso a uma variedade de modalidades e serviços, conforme suas necessidades e preferências.

A ACM oferecia um vasto leque de atividades físicas – ginástica, natação, musculação e esportes coletivos – todas cuidadosamente organizadas por faixa etária, e em alguns casos, por sexo. O sistema de pagamento era flexível, permitindo que os associados escolhessem os módulos conforme seus interesses e possibilidades financeiras, o que incentivava uma participação mais ativa e personalizada.

O acolhimento sempre foi um dos pilares fundamentais da ACM. O ingresso de um novo associado era marcado pela entrega da carteirinha e pela realização de uma reunião de boas-vindas, onde os princípios e a filosofia da instituição eram apresentados de maneira calorosa. Essa reunião era um ponto forte. Já era um momento dos novos sócios se conhecerem, fazerem amizades, terem contatos com a liderança que fazia o papel de um “MANUAL VIVO” de instruções para o uso de toda ACM, além de poderem tirar dúvidas presencialmente. Essas reuniões de boas-vindas aconteciam todas as semanas para todos os novos sócios.  DICA EXCELENTE para as academias atuais.  Sempre havia reuniões mensais – frequentemente organizadas para celebrar aniversários e outros marcos – criando laços profundos. Um antigo colaborador enfatizava: “essas reuniões de confraternização eram momentos de verdadeira transformação, onde os membros deixavam de ser apenas alunos para se tornarem parte de uma grande família.”

Outro depoimento reforça essa prática, lembrando que: “a gente fazia encontros mensais de confraternização por turma, com o pretexto de comemorar aniversários. Isso criava um vínculo muito forte entre os alunos e os professores.” Em algumas academias menores, isso ainda acontece hoje em dia, mas pode ser reforçado e mantido com uma simples eficiência e motivação dos professores em suas turmas.

Fortalecimento de valores e ações culturais

A ACM sempre foi muito além do ambiente do exercício físico. As ações sociais e culturais eram promovidas com entusiasmo, fortalecendo o senso de pertencimento e a identidade coletiva. Eventos comemorativos como o Dia dos Pais, o Dia das Mães, o Natal, o Dia das Crianças, aniversários da própria ACM e festas juninas eram parte integrante da rotina. Essas celebrações proporcionavam momentos de descontração e união não apenas entre os associados, mas também entre suas famílias, criando uma rede de apoio e valorização dos laços humanos. Grandes festas e festivais eram oferecidos para os sócios e familiares.

A instituição também se destacava por sua identidade visual marcante. Até cerca de 2018, o uso de uniformes pelos alunos reforçava o sentimento de pertencimento e a conexão com os valores institucionais. Essa prática contribuía para a consolidação de uma imagem forte e coerente, que permeava todos os aspectos da vida na ACM.

Desafios, declínio e lições para o setor fitness atual

Mesmo nas dificuldades podemos aprender lições. Apesar de seu sucesso e da excelência de suas práticas, a ACM enfrentou desafios significativos nas últimas décadas no Brasil. Problemas financeiros, como o não recolhimento de FGTS e INSS, atrasos salariais e a exigência de exclusividade dos funcionários, minaram a estabilidade institucional. Tais questões culminaram em crises de gestão, levando a várias ações trabalhistas, em alguns casos, ao fechamento ou à venda de unidades da ACM. Esses desafios evidenciaram a necessidade de uma administração financeira e administrativa robusta, capaz de acompanhar as transformações do mercado sem sacrificar a essência acolhedora da instituição.

Do declínio da ACM, o setor fitness pode extrair importantes ensinamentos, como:

  1. A imprescindível gestão financeira sólida e transparente.
  2. A necessidade de adaptação constante às mudanças do mercado, sem perder os valores fundamentais.
  3. O valor inestimável do acolhimento e da atenção personalizada, que constroem uma comunidade genuinamente unida.

A importância de garantir estabilidade e desenvolvimento profissional dos colaboradores, preservando direitos trabalhistas e promovendo treinamentos contínuos.

Corpore: a revolução na experiência do cliente no mercado fitness brasileiro

A Corpore transformou o cenário de academias no Rio de Janeiro e no Brasil ao priorizar, antes de tudo, a experiência do cliente. Em um mercado historicamente dominado por pacotes separados e segmentados de aulas de ginástica ou de musculação, a Corpore preferiu a integração das modalidades, unificou os preços e lançou os chamados planos e pacotes. Sendo uma das pioneiras em redes de academias no Rio de Janeiro, chegou a ter diversas unidades e mais um grande centro, na época um dos maiores da América, o AKXE Sport Site na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Uma abordagem transformadora unindo inovação e humanização

A Corpore nasceu com a missão de revolucionar o atendimento e a fidelização dos seus clientes. Em vez de seguir modelos tradicionais, a rede investiu intensamente na criação de espaços onde cada detalhe fosse pensado para despertar não só o desejo de “malhar”, mas também a paixão por fazer parte de uma comunidade dinâmica.
Como explica o Professor Lauro Ávila, ex-coordenador da Corpore, “a Corpore dava muita importância ao ambiente interno, fazendo com que o aluno se sentisse realmente em casa.” Essa ênfase no ambiente interno permitia que a academia transbordasse energia, transformando cada visita em um momento de socialização e aprendizado.

Inovações comerciais: flexibilidade nos planos e fidelização

Uma das estratégias que se destacou foi a introdução dos famosos “pacotões” – pacotes promocionais de longa duração, com opções de três, seis meses e até de doze meses. Esta inovação quebrou o paradigma da mensalidade tradicional e foi decisiva para aumentar a fidelização dos clientes. Os clientes viravam sócios fidelizados.
“Fomos pioneiros em oferecer pacotes que se adaptavam à realidade financeira e à rotina dos alunos. Isso não apenas revolucionou a forma como os serviços eram comercializados, como também demonstrou que a flexibilidade é a chave para atrair um público mais amplo”, enfatiza Lauro Ávila.
Essa abordagem comercial possibilitou que a Corpore se diferenciasse em um mercado competitivo, oferecendo assinaturas flexíveis que se ajustavam às necessidades individuais e promoviam maior satisfação e retenção dos clientes.

Confraternizações e ações sociais

A Corpore jamais se limitou ao exercício físico. Ela se consolidou como um espaço de convivência e formação de laços sociais. Na unidade Flamengo, no Rio de Janeiro, por exemplo, todas as sextas-feiras, alunos e professores se reuniam em um restaurante próximo para confraternizar:

“O cliente ia para lá pela socialização. Tivemos casos de pessoas que encontraram na Corpore um ambiente propício para superar momentos difíceis, como separações”, relata o Professor Lauro Ávila.

Essas reuniões mensais, muitas vezes organizadas em celebrações de aniversários e outras ocasiões, eram fundamentais para criar um sentimento de comunidade e transformação pessoal, fazendo com que os associados se sentissem parte de uma grande família.

Na Corpore tinha também as famosas saunas mistas, secas e a vapor. Eram verdadeiros pontos de encontro para papos, paqueras e marcação de saídas e novos encontros. Melhor ainda eram as tradicionais MasterClasses – aulas de 1 hora e meia, às 17 horas em uma das unidades aos Sábados. Todos os alunos de todas as unidades poderiam ir. Tinha um professor escalado, mas vários outros compareciam para dar “canjas”. Mais um momento incrível de socialização. Pós aula?  Saunas mistas, mais papo, encontros e marcações do que ia rolar na noite. Quer mais animação e integração do que isso?

Eventos, engajamento e inovação tecnológica

Além do fortalecimento comunitário entre os clientes, a Corpore investia intensamente no engajamento e capacitação dos seus colaboradores. Clínicas de estudo, festas juninas exclusivas para funcionários e alunos selecionados e workshops com professores internacionais compunham a rotina da instituição. Essa política de treinamento contínuo garantia que o time estivesse sempre alinhado com as tendências globais e preparados para oferecer um atendimento de excelência. Os próprios excelentes profissionais ministravam cursos, palestras e workshops uns para os outros, cada um em suas expertises. Me lembro de dar o primeiro curso de Step no Rio de Janeiro na Corpore de Ipanema.

A inovação tecnológica foi outro pilar estratégico da Corpore. Pioneira no uso de sistemas de acesso modernos, a rede implementou, já na época, um sistema de cartão magnético – algo comparável a um cartão de crédito – para controlar o acesso dos associados. Era algo bem inovador na época.

Ideias antigas para novas tendências

Lembro de uma “novidade” dos velhos tempos que bem poderia ser usada hoje em dia pelas academias para saírem do efeito manada de cobrarem sempre da mesma forma.  Existia uma academia famosa em São Paulo chamada Training Club, fundada por Maurício Fernandes, que além de ser uma referência na época nas aulas de aeróbica, trazia sempre novidades dos EUA e Europa, também era produtor de grandes eventos de Fitness.

Na Training Club, você comprava tíquetes para aulas específicas de professores renomados como Maurício Fernandes, Beto Bueno, Fuscão, Laís Araújo, entre outros.  Você não precisava ser matriculado na academia; se houvesse vaga, você fazia a aula.

As aulas da Training Club eram superlotadas com clientes do Brasil inteiro, indo lá, pagando combos e usando na hora que quisesse. Vários professores do Brasil também marcavam presença, para vivenciarem as aulas e novidades desses grandes professores da época.

Esse sistema, baseado na venda de tíquetes em combos, levava a flexibilidade a outro patamar, permitindo aos clientes comprarem e utilizarem os tíquetes conforme sua conveniência. Acredito que, mesmo hoje, essa ideia é muito viável com o avanço tecnológico e pode servir de inspiração para academias de pequeno e médio porte, enquanto as grandes redes podem optar por modelos mais integrados. “Na ponta do lápis” pode ser muito LUCRATIVO e acessível para vários novos clientes.

Além disso, o Professor Lauro Ávila propõe uma ideia inovadora para atrair e reter clientes: a flexibilização dos planos conforme a frequência do aluno. “Minha ideia é oferecer opções de duas, três ou cinco vezes por semana, com preços proporcionais”, explica Lauro, sugerindo que essa estratégia seja implementada inicialmente como um “test drive” para novos alunos. Essa abordagem permitiria aumentar o tíquete médio por visita, enquanto atendia às demandas de um público diversificado.

Time de alta performance

Um ponto realmente extraordinário da rede Corpore estava na contratação, treinamento e formação de um time de alta performance que ia muito além do currículo das faculdades, conhecimento e técnica. Tinha também o envolvimento, as atitudes, o comportamento proativo, o real sentido de time. Coordenadores excelentes que faziam acontecer todos os setores. Diretoria visionária que oferecia o melhor de cursos e profissionais internacionais para nosso intercâmbio. Não me lembro, em toda minha carreira, nunca antes ter feito um processo seletivo tão bem organizado, exigente e estruturado. Eram várias etapas: prova escrita superdifícil formulada por grandes feras da fisiologia, biomecânica e do treinamento, prova prática “no fogo” em uma unidade Corpore lotada. No meu caso, foi em um horário nobre em Ipanema, com o professor titular e o coordenador me avaliando, depois passei por uma entrevista com o coordenador e o diretor técnico. Tive a honra de passar em primeiro lugar e o segundo colocado foi o excelente e reconhecido Prof. Marcelo Costa.  Todos os profissionais que passaram pela Corpore se referem a esse time como um “DREAM TEAM”.

As academias atuais precisam voltar a valorizar processos seletivos na formação de seu time, nos treinamentos, capacitações internas, patrocinarem cursos e congressos de atualização, feedbacks, avaliações e reavaliações dos seus profissionais. Poucas fazem isso de forma efetiva. Isso tudo vale muito mais do que só investir em aparelhagens novas e caras todo ano e custa muito menos.

Recapitulando ideias do passado para inspirar o futuro do fitness

  • Acolhimento e Integração de Novos Membros (ACM)
    • Reuniões semanais de boas-vindas para novos sócios.
    • Conceito de “Manual Vivo”: líderes apresentavam pessoalmente os princípios e filosofia da instituição, assim como ensinavam o “uso básico”, tirando as principais dúvidas dos novos membros.
  • Avaliações Personalizadas e Progressão (FISILABOR)
    • Avaliação física abrangente na entrada, incluindo testes de aptidão e cardiovasculares.
    • Sistema de salões divididos por níveis de aptidão, permitindo progressão gradual.
    • Reavaliações periódicas para ajustar treinamentos e motivar os alunos.
  • Sistema de tíquetes e combos para aulas avulsas específicas (Training Club)
    • Proposta de planos baseados em frequência semanal (2, 3 ou 5 vezes por semana) e/ou por modalidades – só coletivas/só musculação/só zen pilates e alongamento,etc.
  • Mais espaços e eventos para socialização (Corpore)
    • Saunas mistas como pontos de encontro e socialização, paqueras, marcação de encontros, saídas, etc.
  • Confraternizações mensais e celebrações de aniversários (ACM e Corpore)
  • Aulas MasterClasses (Corpore)
    • Aos sábados, reunindo professores, alunos de todas as unidades, podendo levar convidados, criando oportunidades de novas vendas.
  • Grandes festas e festivais para sócios e familiares (ACM)
  • Desenvolvimento profissional e formação de equipe (ACM)
    • Curso interno de liderança e formação de secretário executivo (3 anos).
  • Clínicas de estudo e workshops com professores internacionais (Corpore)
    • Intercâmbio de conhecimentos entre profissionais do próprio time.
  • Processos seletivos e treinamentos mais efetivos e especializados (Corpore)
    • Processo seletivo em múltiplas etapas (prova escrita, prática e entrevista).
    • Foco na formação de um “Dream Team” de profissionais altamente qualificados.
  • Integração de Saúde e Fitness (FISILABOR):
    • Equipe médica especializada trabalhando em conjunto com profissionais de Educação Física.
    • Programas multidisciplinares integrando atendimento médico, nutricional e de Educação Física.
  • Inovação Tecnológica (Corpore)
    • Pioneirismo no uso de sistemas de acesso com cartão magnético, hoje em dia todos os insights e procedimentos podem ser mais fáceis com a tecnologia atual e IA.
  • Cultura de excelência e humanização (Fisilabor)
    • Ambiente que valorizava o fator humano e a dedicação do Time.
  • Modelo “bimotor” de gestão, combinando liderança voluntária e profissional (ACM)
    • Hoje em dia, além do empresário dono, as academias deveriam sempre ter um Consultor gestor, com um olhar externo, mais profissional, especializado e integral.

Estas práticas bem-sucedidas do passado oferecem um rico repertório de ideias que podem ser adaptadas e implementadas nas academias modernas. Ao combinar esses conceitos comprovados com as tecnologias atuais, as academias têm o potencial de criar ambientes mais acolhedores, eficazes e engajadores. A chave está em reinterpretar essas estratégias para o contexto contemporâneo, focando na experiência personalizada do cliente, na formação de comunidades fortes e no desenvolvimento contínuo dos profissionais. Desta forma, as academias podem não apenas melhorar a retenção de clientes e a eficácia dos programas, mas também se destacar em um mercado cada vez mais competitivo.

Conclusão

Um Chamado Transformador para o Mercado Fitness

Este artigo é uma síntese dos ensinamentos de três pilares históricos de grandes marcos do Fitness brasileiro. Espero poder ter inspirado com alguns insights de “beber na fonte” de raízes que muito ainda podem trazer ideias para nosso presente e futuro.

Ao menos reflitam:  se podemos transformar o atendimento, a experiência e os processos em nossas academias, por que não transformar todo o panorama do mercado? Ideias do passado poderão ser muito mais facilmente executados hoje em dia com tanta tecnologia e Inteligência Artificial.

Ideias lembradas aqui não são meramente teóricas, foram colocadas em prática e deram muito certo.

É um chamado à ação e pode dar muito certo de novo e melhor.

Ao adotar uma abordagem que valorize o conhecimento, o acolhimento e a personalização, poderemos finalmente atrair os 95% que ainda permanecem à margem, criando um Mercado Fitness que seja, acima de tudo, inclusivo, humano e transformador.

A hora de agir é agora! Espero que a viagem tenha sido boa!

Back to the Fitness!

Abraços do meu tamanho!

 

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