Semana passada eu palestrei no 15º Congresso Carioca de Educação Física e uma frase de um dos meus slides chamou a atenção dos alunos que fizeram o meu curso:
"Redes Sociais são proprietárias, usuários e marcas são inquilinos!"
Nesse curso, eu falei da importância das academias usarem as redes sociais como forma de se relacionar com os usuários para tentar convertê-los em clientes. No entanto, essa tarefa é árdua, dá trabalho, leva tempo e custa dinheiro.
Em geral, a maioria das empresas (as academias também) possuem uma visão obtusa sobre esse tema, pelo fato de estarem nas redes sociais usando os aplicativos em seus celulares, e que isso é suficiente para fazer negócios atraindo novos clientes.
Não poderiam estar mais enganados!
Não basta mais uma marca estar nas redes sociais, é preciso muito esforço para qualquer mensagem chegar ao consumidor. Por mais paradoxal que essa frase pareça, quanto mais pessoas estiverem nas redes sociais, menos o conteúdo das marcas chegarão até um possível cliente, pois é o algoritmo de cada plataforma social é quem decide o que cada usuário verá, baseado nas suas preferências.
A verdadeira guerra de hoje é pela atenção!
Todas as marcas querem a mesma coisa: gerar negócios! Mas o usuário só quer explorar a linha do tempo das redes sociais sem se preocupar com nada! Afinal, ninguém entra no Facebook com intenção de se matricular numa academia!!!
Mas e aí Cristiano, o que a minha academia deve fazer? Desistir das redes sociais?
Não, jamais! As redes sociais são uma ótima forma para gerar relacionamento. Foi para isso que elas foram inventadas. RELACIONAMENTO!
Tentar vender apenas divulgando os serviços inundando a linha do tempo do perfil da sua academia não gera valor para os usuários. É preciso engajar com o usuário publicando conteúdos baseados nas suas necessidades, dores e desejos.
Quanto mais a sua academia engajar com o usuário, maior é a chance dele levar em consideração a sua academia como fornecedor de saúde.
Mas só engajar não paga boletos né, Cristiano?
Claro que a sua academia pode divulgar um serviço vez ou outra. Mas lembre-se que o mundo mudou por conta da pandemia da COVID-19. É preciso que a sua academia forneça serviços online também.
Mesmo agora quando várias academias do Brasil estão reabrindo suas estruturas, os consumidores estão reavaliando os formatos. Afinal, muitos alteraram seus hábitos de consumo através da Internet e houve quem aproveitou a reabertura e fez fila para cancelar a mensalidade da academia.
O mercado tende a ser mais híbrido daqui por diante!
O desafio continua sendo grande, e requer muita capacidade de reestruturação dos empresários e empreendedores, pois quase ninguém estava preparado para ter a versão do seu negócio também online.
Quanto mais rápido a sua academia se adaptar a esse “novo normal” pode ser que ela sobreviva à pandemia!
No momento em que eu escrevo esse artigo, estamos com 3,6 milhões de casos, com mais de 116 mil mortos no país.
A curva de expansão da doença ainda não caiu e já há vários segmentos da sociedade onde os consumidores e colaboradores estão repensando se vale mesmo a retomada das atividades, sendo o online a única opção!
Alguns motivos para a sua academia estar online
- Já que a sua academia precisa fornecer o serviço de saúde através da Internet, porque não em qualquer lugar do mundo!? Esqueça o entorno físico do bairro onde ela está alocada. A praça foi ressignificada!
- A quarentena tem aumentado significativamente os números de doenças causadas pelo aumento de ansiedade e estresse. Prover saúde através de relacionamentos humanizados, mesmo à distância são uma ótima forma de oferecer os serviços de uma academia.
- Qualquer celular hoje em dia filma em 'Full HD', e isso é mais do que suficiente para gravar e transmitir aulas ao vivo. Basta ter um tripé e um microfone de lapela, de preferência 'stereo' para que o aluno que optar usar fone de ouvido consiga ouvir nos dois lados.
- 75% dos brasileiros fizeram mais pagamentos online durante a quarentena, fora o novo formato de pagamento digital que o Banco Central criou para substituir o DOC e o TED, e que concorre diretamente com o WhatsApp.
Se o cinema vai mudar, por que a sua academia está na mesma?
E para finalizar, quero por uma pá de cal nesse tema falando sobre como a indústria do cinema está se moldando rapidamente para não perder mais dinheiro que já perdeu em 2020.
Em 2019, Hollywood lançou 909 produções no mercado e faturou US$ 11 bilhões nas bilheterias. Nós estamos em agosto de 2020 e foram lançados somente 295 filmes com um faturamento parcial até de 1.8 bilhão. Ou seja, mega prejuízo!
Pensando nisso, o estúdio Disney está testando um novo formato ao lançar o filme ‘live action’ Mulan na sua plataforma de streaming, só que em formato pago, não como num filme comum de catálogo da Disney+.
Dessa forma, será cobrado US$ 29,00 por ingresso, como se fosse no cinema, mesmo para o já assinante da plataforma.
Isso significa que o cinema vai acabar? Com certeza não, mas sim, mudará totalmente e a sua academia não pode se dar a luxo de só esperar reabrir para tudo voltar ao normal!