“As pessoas que mais precisam fazer atividade física não estão nas academias”, afirma o Prof. Dudu Netto, Diretor técnico da Bodytech, em entrevista ao documentário “Beyond Arnold South America: untold story”, que irá revelar os bastidores de um dos maiores eventos fitness do mundo.
Não por acaso, no mesmo dia, li o post do Prof. Fábio Dominski (recomendo muito o perfil @fabiodominski), autor do livro “Exercício Físico e ciência: fatos e mitos”, assim como apresentador do canal Exercício Físico e ciência no Youtube, no qual ele alerta:
“A tendência de complicar as coisas no exercício tem dificultado para quem já pratica e afastado quem ainda não o faz. A indústria fitness e seus influencers parece estar pautada em discursos superficiais baseados exclusivamente em experiências pessoais, que mascaram a complexidade e dificuldade que é se exercitar.”
Os dois professores trazem a urgente necessidade de praticarmos o acolher, orientar e acompanhar (AcOrA) com as pessoas que conseguem vencer a barreira da culpa e da vergonha e decidem entrar em uma academia.
E por falar em VERGONHA, em uma recente live com a Profª. Thais Soares, conversando sobre o movimento #vocenasuaagenda , ela citou a vergonha de entrar em uma academia como o maior obstáculo que as pessoas descrevem para não começarem a treinar. O episódio completo você pode assistir em nosso canal VoATalks no Youtube.
Dudu Netto mencionou o preconceito com os obesos, o que me lembrou uma live que fiz com o Mestre Fernando Fofão que deixou a seguinte reflexão para os colegas da Educação Física: por que a urgência em querer emagrecer o obeso? Já pensou em se preocupar primeiro em torná-lo uma pessoa ativa como ponto de partida para um estilo de vida saudável?
Segundo Pedro Salomão, palestrante, pensador e fundador da @radioibiza , “a pressa é inimiga da humanização”. A pressa em alcançar resultados estéticos nos fez perder a escuta ativa e a empatia no relacionamento com as pessoas. Esquecemos da progressão pedagógica (do mais fácil para o mais complexo), da progressão fisiológica (do menos intenso para o mais emocionante) e da importância da percepção da autoeficácia, principalmente, na primeira semana de treino.
“Empatia é saber enxergar a alma do outro sem julgar nada do que está ali, é respeitar o espaço e tempo de cada um e é compreender que as dores pesam de jeitos diferentes dentro de cada pessoa. Nem sempre o que é fácil pra você, também vai ser pro outro”. Essa é a melhor maneira de entender a empatia segunda a Psicóloga Gabriela Freitas.
Esses estudiosos me fizeram repensar a importância da EMPATIA do Professor de Educação Física no processo de aderência à prática regular e orientada da atividade física:
Entender necessidades e desejos das pessoas que nos procuram;
Manejar as variáveis do treinamento para garantir o acolhimento;
Planejar a nova rotina COM as pessoas;
Adaptar o plano sempre que for necessário;
Tesão em primeiro lugar. Priorizar exercícios que a pessoa mais gosta;
Incentivar a constância nos treinos e
Acompanhar o processo de mudança do estilo de vida.
Nós, professores de Educação Física, temos o poder de afastar as pessoas da academia, como afirma o Mestre Mauro Guiselini, mas também somos aqueles que possuem todas as teorias e as técnicas para promover o estilo de vida ativo. Só falta lembrar que “ao encontrar uma alma humana, seja apenas uma outra alma humana”. A humanização destacada pelo Pedrinho Salomão é o que nos permitirá agregar enorme valor no processo de mudança de estilo de vida das pessoas.
Em um mundo cada vez mais veloz, com a tecnologia nos permitindo realizar menos movimento, está cada vez mais difícil incluir atividade física em nossa rotina. Se os profissionais da saúde muitas vezes não conseguem, imagina outras pessoas.
Promovendo a mudança
Só a Educação Física é capaz de promover essa mudança. E hoje podemos começar a provocar as pessoas ainda no estágio da pré-contemplação, quando elas não têm a menor vontade de começar a se mexer. São sedentários assumidos, mesmo já apresentando os sinais negativos desse comportamento: estresse, ansiedade, dores no corpo, falta de disposição para o trabalho e, até mesmo, para o lazer. A única maratona que conhecem é no Netflix.
Mas como? Através das redes sociais. E esse movimento está cada vez mais forte. Toda vez que um “convertido” – aquele que já experimentou os benefícios da prática regular e orientada da atividade física – posta uma foto e/ou vídeo treinando; realizando momentos de lazer ativo com a família e amigos ou melhor ainda, quando relata melhora na postura, no resultado do exame de sangue ou da produtividade no trabalho, mais ele provoca as pessoas para o próximo estágio, a contemplação, fase em que uma pessoa já começa a pensar na possibilidade de sair do sofá.
Sabemos que a informação é insuficiente para gerar uma mudança de estilo de vida. A maior prova disso é que nunca tivemos tanta orientação de qualidade, baseada em evidências científicas e divulgadas de forma tão didática como temos hoje no Instagram e no Youtube, sem falar nos diversos livros sobre o tema saúde e qualidade de vida que destacam o papel do exercício físico para vivermos mais e melhor.
“Não existe saúde emocional em uma pessoa sedentária”, afirma o Prof. Pedro Calabrez (canal Neurovox do Youtube e insta @pedro.calabrez). Seu xará, o Neurologista Pedro Schestatsky (@drpedroneuro) corrobora com essa afirmação quando descreve que o maior benefício da prática regular da atividade física é para o cérebro. Emagrecer e aumentar a massa muscular são benefícios extras para a qualidade de vida.
Toda essa comunicação ganhou um reforço considerável pós-pandemia. Mais médicos de diferentes especialidades fazem parte do movimento MEV, a Medicina do Estilo de Vida, que tem como objetivo cuidar das pessoas começando por promover os seis pilares do estilo de vida: Alimentação saudável, Atividade física, Saúde mental, Relacionamento, Controle dos tóxicos e Saúde do sono.
Cabe ressaltar que a prática regular e orientada da atividade física tem um lugar de destaque no MEV. Os médicos estão orientando as pessoas que procurem a academia mais próxima de casa ou do trabalho para começarem um estilo de vida ativo com o acompanhamento de profissionais competentes.
Lembra que competência = C.H.A.?
Nós já temos o conhecimento. Precisamos desenvolver as habilidades e a atitude de C.U.I.D.A.R. com E.M.P.A.T.I.A.
Já imaginou quando todos os professores de Educação Física que atuam nos diferentes modelos de negócios fitness, assim como na escola, na empresa, no condomínio e no hospital estiverem acolhendo, orientando e acompanhando as pessoas nessa árdua tarefa de alterar a sua rotina para um estilo de vida ativo que irá interferir positivamente na mudança dos outros cinco pilares do MEV? Você tem noção do impacto disso na saúde da população brasileira?
Vem comigo nos movimentos #vocenasuaagenda (@prof.angelodias) e @mercadodobemestar . Um país saudável começa com a nossa atuação C.A.R.E. = Compromissada, Atualizada, Responsável e Empática.
Lembra do subtítulo do Manifesto Internacional para a Promoção da Atividade Física no Pós-COVID-19, “Urgência de uma Chamada para a Ação”?. Essa é a ação: acolher, orientar e acompanhar. E precisa ser feito agora para não perdermos essa oportunidade ímpar de efetivamente contribuir para a saúde da população.