Publicidade

[uam_ad id=”3500″]

Supertreinamento na natação

Colunista: Marcelo Barros de Vasconcellos

Publicidade

Nade! Mas sem excesso de treinamento!

A prática da natação é benéfica para todas as idades e públicos. No entanto, nadadores competitivos expostos a enormes volumes de treinamento podem sobrecarregar as estruturas de tecido mole e contribuir para a dor nos ombros1.

De fato, as causas da grande incidência de quadros dolorosos no ombro dos nadadores de alto nível podem estar relacionadas à sobrecarga e desequilíbrio das estruturas anatômicas devido ao uso incorreto de técnicas de nado que ocorre quando há fadiga, excesso ou falta de flexibilidade, déficit proprioceptivo, treinamento exclusivo dos músculos agonistas proporcionando desequilíbrio mioarticular e, sobretudo, ao grande volume e intensidade de treinamento2. 

A natação é uma modalidade com cargas de treino muito elevadas3. Os profissionais que trabalham com esses atletas devem estar cientes da maior probabilidade de dor nos ombros ao prescrever maiores volumes de treinamento de natação durante a adolescência1.

Supertreinamento

Embora não seja exclusivo da natação, o supertreinamento é uma condição séria que pode ter um impacto negativo significativo na saúde, no desempenho4, nos estados emocionais, no vigor, na fadiga5 e seus efeitos prejudiciais também podem se estender à carreira dos atletas6.

Nadadores de elite praticam de 20 a 30 horas por semana de treino. Durante um ano, um nadador mediano, de alto nível, realiza mais de 500.000 braçadas em cada braço, aproximadamente 1.000.000 braçadas/ano7

Supertreinamento é a condição também chamada de desadaptação, por ocorrer autorreversão do processo de adaptação, causando a perda dos efeitos previamente adquiridos do treinamento8.

Causas e sintomas do supertreinamento

Em atletas, o supertreinamento pode ser causado por: a) alguns dias ou semanas de treinamento intenso ou volumoso, que não é equilibrado com períodos de redução da intensidade e de treinamento de recuperação; b) um aumento importante e prolongado em um ou mais estressores, reduzindo a tolerância do atleta ao treinamento normal, até o ponto em que ingressará em um período de desadaptação8. Os sintomas do supertreinamento incluem:

  • letargia (desinteresse, preguiça);
  • fadiga; 
  • desempenho ruim;
  • perda de sono;
  • perda de apetite;
  • doenças;
  • lesões;
  • estresse;
  • infecções.

Como os sintomas aparecem lentamente, o supertreinamento é difícil de diagnosticar. Por isso, deve haver um monitoramento anual do treinamento do atleta para manter um programa bem equilibrado. Existem maneiras de tentar identificar os casos de atletas que podem estar com supertreinamento.

Fatores que podem contribuir para o supertreinamento

Os seguintes fatores contribuem para o supertreinamento:

  • tédio;
  • excesso de treino em relação ao descanso;
  • supressão imunológica devido à exaustão e ao estresse;
  • desequilíbrio hormonal;
  • nutrição pobre;
  • hidratação inadequada.

Teste de supertreinamento

A seguir consta um teste de Supertreinamento, que aponta o Índice de Fadiga do atleta por meio do seu cansaço ao se levantar após uma noite de sono. Marque um (x) no seu índice de cansaço após se levantar.

Tabela 1. Índice de fadiga

O tratamento para o supertreinamento

Ao diagnosticar que o atleta está com supertreinamento, o tratamento é o repouso relativo. Casos mais sérios demandam um período de folga ou repouso de cama, mas a maioria reage com o treinamento reduzido, mais tempo para recuperação, atenção à nutrição e uma mudança de ritmo. Lembre-se de que o treinamento deve ser realizado como um agradável passatempo. O atleta deve avançar lentamente e, com o tempo, alcançará suas metas. Por outro lado, treine em excesso e diminuirá sua resistência a infecções9.

Conclusões

O atleta precisa estar em equilíbrio entre treinamento, alimentação, recuperação e repouso do esporte que ele pratica. Desta forma, o atleta irá chegar no período de competição no índice de fadiga 1, 2 ou 3, respectivamente cheio de vida, extremamente disposto ou muito disposto. Assim, sugere-se que profissionais, família e o próprio atleta mantenham o monitoramento (acompanhamento) do índice de fadiga durante todo o treinamento anual, mas principalmente nas vésperas de competição, para manter um programa bem equilibrado e obter bons resultados10.

Referências

  1. Feijen S, Tate A, Kuppens K, Claes A, Struyf F. Swim-Training Volume and Shoulder Pain Across the Life Span of the Competitive Swimmer: A Systematic Review. J Athl Train. 2020 Jan;55(1):32-41.
  2. Diniz MF; Vasconcelos TB; Arcanjo GN. Análise da incidência de lesões na articulação do ombro em atletas de natação. Rev Fisioter S Fun. Fortaleza, 2015; 4(1): 14-22.
  3. Cid L, Silva A, Monteiro D, Louro H, Moutão J. Paixão, motivação e rendimento dos atletas de natação. Revista Iberoamericana de Psicología del Ejercicio y el Deporte. 2016. 11(1):53-58.
  4. Khodaee M, Edelman GT, Spittler J, Wilber R, Krabak BJ, Solomon D, Riewald S, Kendig A, Borgelt LM, Riederer M, Puzovic V, Rodeo S. Medical Care for Swimmers. Sports Med Open. 2016 Jul 25;2:27. 
  5. Brandão MRF, Leite GS, Gomes SS, Figueira Júnior A, Oliveira RS, Borin JP. Alteraciones emocionales y la relación con las cargas de entrenamiento en nadadores de alto rendimiento. Rev Bras Ciênc Esporte. 2015;37(4):376-382.
  6. Carrard J, Rigort AC, Appenzeller-Herzog C, Colledge F, Königstein K, Hinrichs T, Schmidt-Trucksäss A. Diagnosing Overtraining Syndrome: A Scoping Review. Sports Health. 2022 Sep-Oct;14(5):665-673.
  7. Venancio BO, Tacani PM, Deliberato PCP. Prevalência de dor nos nadadores de São Caetano do Sul. Rev Bras Med Esporte. 2012. 18(6): 394-99.
  8. Maglischo EW. Nadando o mais rápido possivel. 3º ed. São Paulo, Manole, 2010.
  9. Sharkey, Brian J. Condicionamento fisco e Saúde. Tradução Márcia dos Santos Dornelles e Ricardo Demetrio de Souza Petersen. 4ºed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
  10. Vasconcellos, Marcelo Barros. Natação Monitorada: acompanhamento constante do aluno. Revista Empresário Fitness & Health. Edição 125. Maio de 2023.

Leia outros artigos

O que achou desse artigo?

Publicidade

Publicidade

Publicidade

REF&H
Enviar