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Liberação médica do aluno para fazer atividades aquáticas

Colunista: Marcelo Barros de Vasconcellos

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Cabe ao professor de atividades aquáticas oferecer aulas de qualidade e que atendam à necessidade específica de cada aluno que chega na piscina, no entanto, será que o professor conhece a fundo quais as condições de saúde de todos os seus clientes?

Para evitar que haja uma omissão de informação, por parte do aluno, em relação a alguma doença ou estado de saúde momentâneo que possa prejudicar a prescrição dos exercícios, é necessário que o aluno mantenha o professor informado sobre qualquer alteração que ele possa ter em relação à liberação médica para atividades aquáticas, assim como compete ao professor estar atento para perceber qualquer alteração no aluno e buscar sempre saber como está a condição física atual, ou seja, como o aluno se encontra naquele dia.

A condição física momentânea informada pelo médico é essencial para que o professor de natação ou hidroginástica possa prescrever os exercícios na água com segurança. O aluno sempre vai estar em uma das quatro condições de saúde abaixo, no parecer dos médicos, para prática de uma atividade física:

  1. apto (bom estado de saúde físico e mental, podendo participar das aulas, se liberado pelo seu médico);
  2. apto com restrições (é aquele que pode praticar quase todos os exercícios, pois apresenta restrições de acordo com médico, por exemplo: não poder saltar, pegar peso, realizar exercícios em que tenha que rodar devido à labirintite etc.);
  3. inapto (não pode praticar qualquer tipo de exercício físico, a conselho do médico, deve ser encaminhado à hidroterapia);
  4. inapto temporário (tem uma contraindicação temporária, podendo posteriormente tornar-se apto. Por exemplo, teve uma luxação no ombro, pós-parto, cesariana etc.).

É desaconselhável a aula de atividades aquáticas para alunos considerados inaptos. O ideal é que o aluno só inicie a natação ou hidroginástica com o indicativo de apto/liberado pelo médico1.

De fato, um atestado médico se refere a um momento no qual a pessoa é consultada. O professor entende que, após algumas semanas da realização da consulta médica, o aluno pode:

  1. ter mudado os hábitos alimentares,
  2. ter modificado a rotina,
  3. não estar dormindo normalmente,
  4. ter acontecido algum fato que aumentou o nível de estresse,
  5. ter tido algum evento cardiovascular,
  6. ter sofrido alguma lesão,
  7. ou ter qualquer outro acontecimento que difere do papel prescrito quando o aluno esteve no médico.

Por estes motivos, os professores têm cada vez mais se preocupado com a saúde momentânea do aluno e passaram a perguntar ao aluno: 

Como você se classifica quanto ao seu estado de saúde atual/hoje?

Ao fazer essa pergunta, o professor de atividades aquáticas adota, na sua rotina de aulas, a pesquisa de estado de saúde como medida preventiva para conhecer o seu aluno diariamente.

Pesquisa do estado de saúde

A pesquisa do estado de saúde é algo bem simples de usar e basta que o aluno, ao responder, faça uma autoavaliação do estado de saúde, também chamada de percepção de saúde, pois ela é considerada um indicador válido e relevante do estado de saúde de indivíduos e de populações. Esse indicador se tem revelado fortemente correlacionado com medidas objetivas de morbidade e de uso de serviços, constituindo-se um preditor poderoso de mortalidade, independentemente de outros fatores.

A percepção de saúde é obtida por meio de uma única questão que pede para o indivíduo classificar seu estado de saúde entre excelente e muito ruim. Segundo o Ministério da Saúde, a autoavaliação da saúde capta, além da exposição a doenças (diagnosticadas ou não por profissional de saúde), o impacto que essas doenças geram no bem-estar físico, mental e social dos indivíduos.

As seis opções de resposta estão situadas em uma escala tipo Likert entre muito ruim e excelente. As respostas são agrupadas em “percepção negativa de saúde” (muito ruim, ruim, regular) e “percepção positiva de saúde” (bom, muito bom, excelente).

Medidas preventivas

Diante da resposta do aluno, cabe ao profissional que vai ministrar a sessão de exercícios na água, fazer os ajustes para cada aluno dentro da sua possibilidade e contraindicar os casos que não lhe competem fazer natação ou hidroginástica, por exemplo em casos de aluno em que a recomendação é para hidroterapia ou nos dias em que o aluno relata não estar se sentindo bem. 

Como medida preventiva, o professor pode indicar que o aluno que tem uma percepção negativa de saúde procure um médico e só inicie após ser considerado apto por ele.

 O melhor é quando o aluno candidato à prática de atividades aquáticas em nível moderado/elevado de intensidade seja submetido a um exame médico que permita a detecção de fatores de risco, sinais e sintomas sugestivos de doenças cardiovasculares, pulmonares, metabólicas ou do aparelho locomotor. Entretanto, quando uma pessoa vai iniciar um esporte, normalmente, os estabelecimentos não exigem atestado médico constando que a pessoa está apta para a prática de atividade física.

Especificamente no Rio de Janeiro, existe a lei nº 6765/2014 que dispõe sobre a prática de atividades físicas e esportivas em clubes, academias e estabelecimentos similares que menciona:

Art. 1º Considera-se obrigatório e imprescindível, para a prática de qualquer atividade física e esportiva, em clubes, academias e estabelecimentos similares, o preenchimento, pelo interessado, do Questionário de Prontidão para Atividade Física (QPAF) e do Termo de Responsabilidade para a prática de atividade física (anexos 1 e 2 respectivamente).

Parágrafo único. Se o interessado for menor de idade, o Questionário e o Termo de Responsabilidade deverão ser preenchidos e assinados pelo responsável legal, juntamente com sua autorização por escrito.

Art. 2º Fica dispensada a apresentação de atestado médico ou a obrigatoriedade de qualquer outro exame de aptidão física aos interessados que responderem negativamente a todas as perguntas do QPAF.

Parágrafo único. Aos que responderem positivamente a qualquer uma das perguntas do Questionário, será exigida a apresentação de atestado médico de aptidão física, na forma das Leis Estaduais nº 2.014, de 15 de julho de 1992, e 2.835, de 17 de novembro de 1997, o qual deverá ser anotado e arquivado junto ao prontuário do interessado.

Diante de uma situação de ausência de atestado médico, o professor de atividades aquáticas no RJ pode solicitar de forma preventiva o preenchimento do QPAF como requisito para se inscrever nas aulas. Caso o aluno responda sim para uma (1) das dez (10) perguntas, o professor aguardará o aluno ir ao médico e retornar com atestado médico constando a liberação para atividades aquáticas, no entanto, mesmo com atestado o professor deve estar atento diariamente à saúde do aluno.

Abaixo você encontra os modelos de Questionário de Prontidão para atividade Física e do Termo de Responsabilidade para Prática de Atividade Física.

ANEXO I

QUESTIONÁRIO DE PRONTIDÃO PARA ATIVIDADE FÍSICA

Este Questionário tem por objetivo identificar a necessidade de avaliação por um médico antes do início ou do aumento de nível da atividade física. Por favor, assinale “sim” ou “não” às seguintes perguntas:

1) Algum médico já disse que você possui algum problema de coração ou pressão arterial e que somente deveria realizar atividade física supervisionado por profissionais de saúde? (   ) Sim (   ) Não

2) Você sente dores no peito quando pratica atividade física? (   ) Sim (   ) Não

3) No último mês, você sentiu dores no peito ao praticar atividade física? (   ) Sim (   ) Não

4) Você apresenta algum desequilíbrio devido à tontura e/ou perda momentânea da consciência? (   ) Sim (   ) Não

5) Você possui algum problema ósseo ou articular, que pode ser afetado ou agravado pela atividade física? (   ) Sim (   ) Não

6) Você toma atualmente algum tipo de medicação de uso contínuo? (   ) Sim (   ) Não

7) Você realiza algum tipo de tratamento médico para pressão arterial ou problemas cardíacos?  (   ) Sim (   ) Não

8) Você realiza algum tratamento médico contínuo, que possa ser afetado ou prejudicado com a atividade física? (  ) Sim (  ) Não

9) Você já se submeteu a algum tipo de cirurgia, que comprometa de alguma forma a atividade física? (   ) Sim (   ) Não

10) Sabe de alguma outra razão pela qual a atividade física possa eventualmente comprometer sua saúde? (  ) Sim  (  ) Não

ANEXO II

TERMO DE RESPONSABILIDADE PARA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA

Declaro que estou ciente de que é recomendável conversar com um médico, antes de iniciar ou aumentar o nível de atividade física pretendido, assumindo plena responsabilidade pela realização de qualquer atividade física sem o atendimento desta recomendação.


Rio de Janeiro ______/_______/_________


______________________________     _____________________________
(Nome Completo)                                     (assinatura)

Referências:

  1. Ghorayeb N, Stein R, Daher DJ, Silveira AD, Ritt LEF, Santos DFP et al. Atualização da Diretriz em Cardiologia do Esporte e do Exercício da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte – 2019. Arq Bras Cardiol. 2019; 112(3):326-368.

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