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A história de Ailton Mendes na ACAD Brasil

Colunista: Redação REF&H

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*Artigo baseado na “Carta do Presidente”, escrita pelo presidente Ailton Mendes para o livro comemorativo dos 25 anos da ACAD Brasil.

Em 2014, Ailton Mendes foi convidado por seu amigo de longa data, Carlos Santos (conhecido no setor como Carlinhos Califórnia) para participar de uma reunião com outros empresários de academias de São Paulo. “Você precisa conhecer essa turma, pessoalmente, e participar do que eles estão fazendo”. Aquela turma era ninguém menos do que os CEOs das maiores redes de academias do país e ele se viu ali, dialogando com Edgard Corona, Luiz Urquiza e Richard Bilton, “feras” que o inspiravam e o faziam querer ir mais longe nos seus negócios.

 A reunião foi numa pequena sala, no escritório anexo à BodyTech do Shopping Eldorado. Também estavam presentes o medalhista olímpico Gustavo Borges, Toni Gandra, da Ecofit Club, Monica Marques, da Cia Athletica, e os advogados Mario Duarte e Joana Doin, com ampla experiência no setor de fitness.

Ele não conhecia nenhum dos presentes pessoalmente. A primeira coisa que mexeu muito com sua cabeça naquele encontro foi o fato de que aqueles empresários eram concorrentes, mas estavam ali em nome do setor, em prol do coletivo. Também chamou sua atenção o entendimento deles de que para que seus negócios crescessem, eles precisariam ajudar o setor a crescer, porque sozinhos eles não conquistariam muito mais. Eles já sabiam que teriam que colocar energia, conhecimento e dinheiro em uma entidade para desenvolver o setor como um todo, para que assim os negócios deles pudessem prosperar. Tal pensamento é justamente a base sólida do associativismo.

Naquele encontro, havia ficado claro para Ailton que aqueles empresários buscavam um caminho para defender o mercado e estavam dispostos a deixar de lado a concorrência para seguirem juntos, unidos por uma causa. Não havia uma certeza sobre o formato mais adequado para aquela união — seria um sindicato, uma associação, uma câmara setorial? Mas, uma coisa era certa: os maiores players precisavam estar juntos para vencer algumas das batalhas já anunciadas. Desde aquele encontro Ailton mendes nunca mais se afastaria daquele grupo e nem da Associação que eles escolheram como caminho para seguir com os planos de defesa e desenvolvimento do setor.

Atuação nos bastidores

Poucos dias depois da tal reunião, ele já estava envolvido com as demandas que o grupo considerava emergenciais ou determinantes. Talvez nem todos saibam, mas existe um trabalho constante, de bastidores, que não fica evidenciado e sobre o qual as pessoas do próprio setor muitas vezes não se dão conta, mas que é de extrema importância para que as atividades das academias possam ser realizadas e os negócios possam prosperar. Assim, entre 2014 e 2016 Ailton atuou nesta esfera – os bastidores – indo aonde aquele grupo precisava de algum reforço ou representatividade, participando de audiências públicas, congressos, encontros com autoridades governamentais, costurando alianças, parcerias e estreitando relações em diversas esferas. Durante dois anos, ele e Monica Marques atuaram como “assessores para assuntos de bastidores”, sempre a postos para atender as demandas do setor.

Uma das muitas lutas que enfrentaram foi contra a obrigatoriedade da avaliação física, uma barreira de entrada nas academias. Estavam, então, diante do presidente da Sociedade de Cardiologia de São Paulo e de pessoas vestidas de branco, com o poder conferido à classe médica, quando Monica apresentou um material bem embasado, recheado de pesquisas e dados científicos, mostrando que, de fato, o atleta de alto desempenho precisa passar por uma avaliação completa, com eletrocardiograma, hemograma, análise articular, mas que para um sedentário que finalmente decidiu sair do sofá e ir até uma academia, a avaliação física é apenas uma barreira de acesso à prática da atividade física.

Aquela ação de bastidores, muito bem embasada e que não foi noticiada em canto algum, resultou na adoção do Par-Q (na sigla em inglês Physical Activity Readiness Questionnaire ou Questionário de Prontidão para a Atividade Física) para ingresso às academias, medida que foi adotada no restante do país. A proposta de lei para a obrigatoriedade do atestado médico foi engavetada. Esta é uma forte lembrança de um belo trabalho de bastidores, uma das primeiras conquistas – de Ailton Mendes e de Monica Marques – e eles nem estavam, oficialmente, dentro da ACAD.

Entre 2014 e 2016, a Associação permanecia com sua diretoria mais regionalizada, com forte atuação no Rio de Janeiro, e paralelamente os líderes do mercado, com sedes empresariais em São Paulo, atuavam especialmente em políticas públicas, para blindar o setor de certos desafios. Todo o trabalho de bastidores e de articulações com pessoas de todo o tipo, que ainda hoje ele faz com gosto e dedicação, o ensinaram a criar um espaço de fala e, também, a desenvolver uma sabedoria em ouvir as pessoas.

Em Brasília, 19 horas

Em 2023, Ailton foi convidado a participar de uma cerimônia no Senado Federal, no dia do profissional de Educação Física, comemorado em 1º de setembro, data em que a profissão foi reconhecida por lei. Ao chegar, o chefe do cerimonial o conduziu até a mesa diretora do Senado. Aquele reconhecimento era graças ao trabalho da ACAD Brasil e apesar de esperar um assento privilegiado, numa casa onde foram tomadas tantas decisões importantes para o nosso país, aquilo o encheu de orgulho de poder representar o setor no qual atua.

Em pleno Congresso Nacional, uma retrospectiva passou em sua mente: o primeiro ofício, aos 11 anos, como cabeleireiro, seguindo os passos de seu pai; a primeira academia, aberta em 1994, quando tinha apenas 22 anos; a formação em Educação Física; os desafios de um jovem empreendedor, que não sabia nada sobre gestão; acompanhar a regulamentação da profissão, em 1998, ano em que se formou; ter a PRIMEIRA academia registrada no CREF4-SP; a abertura de mais uma academia; a chegada à ACAD…

Durante anos, ele e seus irmãos Almir e Vera, cuidaram dos negócios. Em 2010, teve vontade de procurar algum grupo com o qual pudesse trocar ideias sobre o setor ou sobre empreendedorismo e gestão. Participou de uma associação comercial no bairro onde sua academia funcionava e, também, levado por Carlinhos California, ingressou no “roundtable”, um grupo que reunia donos de academia, para o qual era preciso ser convidado. As pessoas abriam os números de seus negócios, contavam suas experiências, o que deu certo e o que deu errado, falavam de seus medos e seus anseios. Eram quatro reuniões por ano e aqueles encontros eram uma sementinha de associativismo plantada nele.

Aílton Mendes. (Crédito: Ricardo Soares Studio)

Voltando à ACAD, em 2016, praticamente todo aquele tal grupo que se reunira dois anos antes em uma pequena sala da Avenida Rebouças, foi eleito para assumir a diretoria da Associação para o biênio 2016-2018. Gustavo Borges aceitou o desafio da presidência e de pôr em prática a nacionalização da entidade. Nos dois anos seguintes, 2018-2020, Gustavo se manteve na liderança, com uma nova composição de diretoria, da qual Ailton passou a fazer parte. Foram anos de desafios extremos, porque por um lado a Associação alcançava muitas conquistas, especialmente na área de políticas públicas; começava a ser reconhecida pelo setor como sua representante; ganhava espaços em eventos e debates; ampliava sua atuação em diversas regiões do país e angariava mais associados. Por outro lado, enfrentaria uma das piores crises da história do setor: o lockdown imposto pela pandemia da Covid-19. O impedimento de abrir as portas das academias mobilizou o setor de uma forma nunca antes experimentada e toda a diretoria passou a se reunir diariamente para pensar em soluções de salvaguarda do mercado, de suas academias, seus funcionários, suas empresas, suas vidas.

Quando o segundo mandato de Gustavo Borges estava prestes a terminar e as eleições teriam que ser marcadas, a diretoria vigente havia pensado, para presidente, no empresário Leonardo Pereira, fundador da rede SellFit, um jovem pernambucano, líder em sua região, muito tarimbado, com forte experiência em gestão e que já vinha dando imensa contribuição à ACAD. Ailton viria como vice. Antes da divulgação da chapa, Leonardo teria ligado para Ailton dizendo que, por questões pessoais, preferia não assumir o cargo, pois mais à frente poderia ter que se ausentar e que, então, achava mais justo que ele, Ailton, viesse como presidente e ele, Leonardo, como vice. Aquela proposta já teria passado pela aprovação dos demais diretores e Leonardo dissera: “você vai ter todo o suporte, todo o apoio, mas eu seria o vice. Você topa?” Ailton já havia desejado aquilo, não por vaidade, mas pela possibilidade da entrega. E ele topou!

Leonardo Pereira ajudou a mudar a forma de gestão da Associação, porque preparou o terreno, orientou sobre o que precisava ser feito, ajudou a construir um planejamento estratégico e promoveu uma mudança de estrutura, de olhar, de foco. 

Depois, todo aquele planejamento foi colocado em prática, com a total disponibilidade da Andrea Rodrigues, gestora executiva da ACAD, com mais de 15 anos de casa, e uma equipe enxuta que inacreditavelmente dá conta de tudo. Os processos foram melhorados, a base de associados foi aumentada — em 2014, não chegavam a 200 e em 2024, são quase 2.000, ganhando mais espaço, mais representatividade e reconhecimento.

O legado de Ailton Mendes

Não há dúvidas de que a Associação conecta pessoas, aproxima o empresário de uma pequena academia com o gestor de uma rede milionária, mistura sotaques de todo o país, reúne diferentes modelos de negócios e todo mundo se junta por um mesmo propósito, uma causa em comum. Para Ailton, também é motivo de orgulho a luta da ACAD contra o sedentarismo e a luta pela livre iniciativa, que são frentes tão importantes para o setor. Claramente, houve um progresso em termos de gestão, mas, segundo ele, “esta casa sempre reuniu pessoas sob um mesmo princípio: empresários voluntários, que doam tempo e know-how para a coletividade, para todo o setor”.

Por vezes perguntam a ele qual é a marca que ele gostaria de deixar: “acho que é a da fraternidade, é a de agir de forma colaborativa, é a de ter um amor por tudo e por todos deste nosso mercado, de uma forma desinteressada, que é só de entrega”.

Segundo ele, estas são características que a ACAD Brasil traz desde que foi criada por aquele grupo de empresários visionários, sonhadores e apaixonados.

“Nós vivemos e tentamos realizar o sonho de pessoas que sonharam, há 25 anos, um setor mais unido, forte e desenvolvido. O que estamos sonhando agora para o fitness nacional, muito provavelmente, vai ser vivido e realizado por outras pessoas nas próximas décadas, desde que deixemos uma boa base para elas. Acredito imensamente em pessoas que querem fazer algo de bom, que doam tempo e esforços para uma causa maior, para o coletivo, para um setor. É o que fazemos aqui.”

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