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Talentos, diferenciação e lucratividade em tempos de incerteza

Colunista: Edvaldo de Farias

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O término de um ano e começo de outro, sobretudo num país que vive com toda força a “era da incerteza”, é momento de fazer planos de realizar diferente e melhor do que se fez até então, seja com as pessoas, seja com os negócios. Assim, e diante dessa possibilidade e desafio, encerramos este ano de publicações oferecendo uma contribuição aos nossos gestores sob a forma de 3 questões norteadoras para o ano de 2020:

  1. Quais são seus planos para a empresa?
  2. No que pretende que ela seja diferente e melhor?
  3. Que importância pretende dar ao investimento nas pessoas e seus talentos como forma de diferenciação?

Considerando, para essas questões, a proposta de Farias (2005, 2019) que abordava a rentabilidade nos negócios como produto do que chamou de Tríade da Qualidade: empresas de qualidade gerando resultados de qualidade se, e somente se, forem compostas por pessoas de qualidade. Assim, profissionais com competências estratégicas passam a compor o que Stewart (1998) e Carbone et al. (2005) denominam capital intelectual, cuja importância representa mais para o negócio do que o capital financeiro, transformando cada profissional em um reservatório de competências. Dessa forma, a visão tradicional de “recurso humano” deixa de ter sentido na medida em que esse patrimônio intangível gera percepções que interferem diretamente nas escolhas e na própria fidelização dos clientes.

Política de retenção de talentos em academias

Diante deste cenário competitivo, assistimos a uma demanda emergente da adoção de políticas de retenção dos talentos, ao que Sveiby (1998) chamava de patrimônio de conhecimento. Este é considerado por Farias (2005, 2008, 2009, 2016) como elemento essencial aos negócios do segmento fitness, no qual a interpessoalidade determina a qualidade dos relacionamentos entre clientes e prestadores de serviços, transformando tudo que é material e tangível em mera commodity aos olhos dos clientes.

Talentos satisfeitos em atuar nas suas empresas estão sempre dispostos a oferecer sua máxima capacidade de agregar valor ao negócio, não somente “vestindo a camisa” da empresa mas sim transformando-a em sua própria pele, levando a empresa a níveis elevados de competitividade e longevidade, em um negócio que não para de crescer e mostra-se como uma das áreas de maior projeção de prosperidade nas próximas décadas, como demonstram vários e recentes estudos sobre tendências de negócios promissores para o futuro.

Porém, ainda constatamos, em muitas empresas fitness, discreta valorização deste aspecto por parte dos empresários/gestores. Mesmo onde encontramos investimentos em capacitação profissional não percebemos estratégias corporativas para atrair e reter os talentos que lá atuam. De modo geral, encontramos sim, uma perigosa conjugação de tecnologias de ponta operadas por profissionais de desempenho e competência medianos, expondo assim, carência de políticas e estratégias eficazes para a gestão de pessoas. Infelizmente ainda se investe mais recursos na troca dos equipamentos do que na reciclagem do conhecimento das pessoas, relegando nosso segmento a uma frágil posição, incompatível com a “era do conhecimento”.

Neste momento é oportuno deixar, como contribuição, perguntas do tipo: como você pretende fazer para reter os talentos de sua empresa? Que garantias tem você quanto à satisfação de seus colaboradores em estar na sua empresa? Sua empresa é vista por eles como um BOM lugar para se trabalhar?

Assim, finalizamos este ensaio com a sugestão de pensar nas respostas sob a ótica de quanto custaria perdê-los para a concorrência ou para si próprio. Sob essa ótica, pensar uma política de investimento nos talentos para o seu negócio representa prevenir-se da indesejável situação de seus concorrentes terem à sua disposição, e “sem custos”, um talento desperdiçado por você.

Além disso, e seguindo a linha de investir na visibilidade empresarial, ser conhecida como uma empresa com foco no crescimento profissional dos colaboradores e que os considera um fator crítico de sucesso, certamente torna seu negócio, aos olhos dos clientes, coerente com o mercado de serviços em saúde, cujas entregas estão sempre relacionadas ao bem estar dos clientes, sejam eles internos ou externos.

Desejamos a você gestor, e sua famílias, um 2020 de sucesso & prosperidade!!!

 

REFERÊNCIAS
CARBONE, P. P.; BRANDÃO, H. P.; LEITE, J. B.; VILHENA, R. M. Gestão por Competências e Gestão do Conhecimento. RJ: Editora FGV, 2005.

FARIAS, E. de. Capacitação Profissional: Um Outro Olhar em Empresas Fitness. Revista Empresário Fitness. SP, ano III, nº. 16, p. 28-30, 2005.

FARIAS, E. de. Empresabilidade e Retenção de Talentos em Empresas Fitness. Revista Rio Fitness. RJ, ano II, nº. 02, p. 15-19, 2008.

FARIAS, E. de. Políticas de RH em Empresas Fitness: Competitividade e Rentabilidade Baseados no Fator Humano. Revista Rio Fitness. RJ, ano III, nº. 01, p. 16-19, 2009.

FARIAS, E. de. Inovação: ela Acontece na sua Empresa Fitness?. Revista Empresário Fitness & Health. RJ, ano XIII, março-junho, nº. 76, disponível em https://empresariofitness.com.br/gestao-com-ciencia/inovacao-ela-acontece-na-sua-empresa, 2016.

FARIAS, E. Gestão da Qualidade de Serviços em Centros de Fitness Proposta de um Modelo Conceitual Específico para Avaliação da Qualidade de Serviços em Centros de Fitness no Rio de Janeiro. Tese de Doutoramento em Ciências do Desporto, 241. Vila Real, Vila Real, Portugal: Universidade de Trás os Montes e Alto Douro – UTAD, 2019.

STEWART, T. A. Capital Intelectual: A Nova Vantagem Competitiva das Empresas. RJ: Campus, 1998.

SVEIBY, K. E. A Nova Riqueza das Organizações. Gerenciando e Avaliando Patrimônios do Conhecimento. RJ: Campus, 1998.

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