*Tradução adaptada feita por Leonardo Allevato, editor da REF&H, a partir do relatório original do ACSM.
O mercado fitness continua a crescer apesar da incerteza que se seguiu à pandemia da COVID-19. O aumento de clientes ativos, participação em treinamento personalizado e em pequenos grupos e taxas de idosos utilizando academias indicam que o mercado continua a se recuperar. Além disso, a demanda por profissionais qualificados deve crescer de 10% a 14% até 2032. Portanto, é importante que todos os atores do mercado fitness tenham evidências confiáveis nas quais basear decisões de negócios e oportunidades de desenvolvimento profissional.
A Pesquisa Mundial de Tendências de Fitness do American College of Sports Medicine (ACSM) prevê as tendências mais importantes, com potencial para orientar o futuro do setor de fitness, desde 2006. Os resultados da pesquisa anual oferecem aos profissionais do mercado fitness o conhecimento de tendências emergentes e modalidades inovadoras para melhor atender aos consumidores.
As tendências são adicionadas e removidas a cada ano para refletir a natureza dinâmica da indústria do fitness e a disponibilidade de literatura para dar suporte à sua aplicabilidade. Elas podem aparecer por vários anos, como por exemplo, a tecnologia vestível ou sair da lista após apenas um ano. Novidades na pesquisa das tendências fitness para 2025 são programas de condicionamento físico liderados por influencers (nº 12) e terapias quentes e frias (nº 20).
O mercado fitness deve utilizar a pesquisa de tendências para dar suporte a decisões de negócios, investimentos, inovação de produtos e desenvolvimento profissional.
Abaixo você encontra as 20 tendências do fitness para 2025, segundo o ACSM:
A tecnologia vestível (wearables) continua como a tendência nº 1 na pesquisa de 2025. O campo da tecnologia vestível está constantemente avançando e permite o automonitoramento em tempo real e feedback de dispositivos como rastreadores de condicionamento físico, smartwatches, monitores de frequência cardíaca e dispositivos de rastreamento GPS. Esses dispositivos podem fornecer informações como atividade física (passos, minutos ativos), marcadores de saúde (frequência cardíaca, ECG, glicose), comportamentos sedentários, sono e até mesmo estresse. Os rastreadores de atividade vestíveis podem dar suporte à mudança de comportamento de estilo de vida saudável por meio do estabelecimento de metas, treinamento personalizado ou conexão com aplicativos para fornecer insights. Os profissionais de Educação Física devem aproveitar os wearables para fornecer suporte e orientação aos seus clientes e alunos e ela pode servir como uma maneira mais eficaz de monitorar o progresso e aumentar a comunicação para melhorar e manter a adesão.
Os aplicativos de exercícios continuam a subir na lista (nº 7 em 2024 e nº 20 em 2023). Em 2023, houve 850 milhões de downloads de aplicativos de condicionamento físico por quase 370 milhões de usuários. A trajetória ascendente dos aplicativos de exercícios móveis pode ser alimentada por sua natureza complementar com a tecnologia vestível; eles podem permitir uma programação de exercícios flexível, adaptável, acessível e personalizável. Iniciantes podem se beneficiar do uso de um aplicativo de exercícios, especialmente quando usado em conjunto com um profissional de Educação Física, pois eles podem não ter fundamentos teóricos ou fisiológicos claros.
O desenvolvimento de programas de exercícios para a 3ª idade mantém seu lugar como a tendência nº 3. A atividade física regular para essa população continua sendo uma estratégia crítica para manter a saúde geral, prevenir doenças crônicas, melhorar a qualidade de vida e promover uma vida independente. Adultos com 60 anos ou mais também são menos propensos a se envolver nas quantidades recomendadas de atividade física para a saúde, tornando-os um grupo demográfico importante para programação de alta qualidade baseada em evidências. A sarcopenia – que vem a ser a perda de massa muscular, função e produção de força relacionada à idade – afeta uma grande proporção de idosos, aumentando o risco de fragilidade e/ou quedas. Essa tendência tende a ter uma classificação melhor entre profissionais com mais experiência, o que pode refletir que esses profissionais tenham mais probabilidade de trabalhar com a população idosa.
Exercício para perda de peso continua consistente como a tendência nº 4. As taxas globais de obesidade dobraram entre adultos, com aproximadamente um em cada oito adultos categorizados como obesos. Além disso, as taxas de obesidade entre crianças e adolescentes quase quadruplicaram nos últimos 30 anos. Embora os benefícios do exercício sejam positivos, independentemente do status do peso, o exercício regular deve ser incluído como parte de uma estratégia multicomponente para a manutenção de longo prazo da perda de peso. O exercício, especificamente o treinamento de força, é o principal impulsionador da manutenção da massa muscular magra, além de maximizar as oportunidades de movimento ao longo do dia (ou seja, reduzir o comportamento sedentário). A programação de exercícios para aqueles com obesidade — ou aqueles que estão em déficit calórico — deve se concentrar em uma combinação de treinamento aeróbico e de resistência em intensidade moderada a vigorosa. O aumento dos medicamentos antiobesidade significa que os profissionais de Educação Física devem ter conhecimento do impacto desses produtos farmacêuticos no comportamento do exercício. Por exemplo, os efeitos colaterais comuns desses medicamentos variam e podem incluir problemas gastrointestinais e fadiga. Portanto, os clientes podem relutar em se envolver em grandes quantidades de exercícios de alta intensidade. Visar à diversão e a viabilidade como resultados importantes da prescrição de exercícios pode aumentar a autoeficácia e reduzir o estigma associado à obesidade.
Depois de cair para o n.º 17 na pesquisa de 2024, o treinamento de força tradicional volta a subir na lista de tendências para o n.º 5. O treinamento de força tradicional, um princípio fundamental das diretrizes de exercícios do ACSM, incorpora equipamentos como barras, halteres e kettlebells com foco no movimento adequado e na técnica de levantamento para melhorar ou manter a aptidão muscular. É recomendado que adultos completem, pelo menos, 2 dias por semana de treinamento de força, atingindo todos os principais grupos musculares. Apesar dessa recomendação, muitos adultos não atingem essa recomendação mínima e os profissionais de Educação Física podem ajuda-los a atingir o volume recomendado por meio de uma prescrição que manipule esquemas de repetição, séries, ritmo, carga e/ou seleção de exercícios.
Subindo para o 6º lugar na lista de tendências, o HIIT tem sido uma tendência consistente entre as 10 principais desde 2018. Sua estabilidade provavelmente se deve à sua eficácia como uma modalidade de treinamento para diferentes populações, nas mais diversas condições físicas e de saúde. O HIIT envolve períodos curtos repetidos de esforços aeróbicos de alta intensidade (> 85% da FCmáx), seguidos por períodos de descanso ativo ou passivo (< 65% da FCmáx) que permitem recuperação suficiente para repetir o mesmo esforço de trabalho. O HIIT é eficiente em termos de tempo e requer equipamento mínimo, o que o torna viável para uma variedade de configurações. Profissionais de Educação Física devem administrar uma pré-triagem apropriada com os clientes, monitorar cuidadosamente a intensidade e podem considerar o uso de tecnologia digital – como os wearables – para fazer isso.
A tecnologia de treinamento orientada por dados foi adicionada em 2024 e aparece como a tendência nº 7 para 2025. Ela pode ajudar os clientes a entender as respostas fisiológicas a um estímulo de exercício em tempo real e permite treinamento e instrução individualizados, mesmo em um ambiente de grupo onde pode haver vários níveis de condicionamento físico. Os profissionais de exercícios também podem aproveitar o biofeedback (ou seja, sono e variabilidade da frequência cardíaca) como componentes críticos do treinamento e recuperação. Usando dados em tempo real para personalizar sessões diárias de exercícios, os profissionais de exercícios podem ajustar mais prontamente as variáveis de treinamento em resposta a condições agudas, o que aumenta a segurança do exercício para populações especiais, como aquelas com condições cardiometabólicas.
Exercício para a saúde mental continua sendo a tendência nº 8 após ser adicionado em 2024. Essa tendência se concentra na programação de exercícios projetada para melhorar aspectos da saúde mental, como reduzir sentimentos de ansiedade, estresse e depressão. Embora diretrizes específicas de exercícios para benefícios à saúde mental não tenham sido estabelecidas, os profissionais de Educação Física devem ter como objetivo ajudar os clientes a acumular doses de atividade física que atendam às diretrizes do ACSM. Além disso, é importante incorporar as preferências do cliente para atividades e reconhecer as barreiras individuais que podem influenciar a participação.
Esta modalidade de treinamento normalmente abrange o treinamento de força para melhorar o equilíbrio, coordenação, movimento funcional e resistência que refletem nas atividades da vida diária. O treinamento funcional apareceu em várias posições na lista de tendências desde 2007, mas caiu recentemente para o 14º lugar em 2024. Essa tendência é particularmente crítica para profissionais de Educação Física que trabalham com idosos e populações especiais, a fim de melhorarem a qualidade de vida dessas populações ao longo da vida.
Essa tendência subiu para a posição nº 10 em 2025. Os coaches de saúde e bem-estar utilizam princípios da psicologia para promover programas de saúde e qualidade de vida.
Esta tendência enfatiza a importância do desenvolvimento físico e cognitivo de crianças e adolescentes para a participação esportiva. A maioria dos modelos de avaliação prioriza uma abordagem baseada no desenvolvimento das crianças e adolescentes, em oposição a uma abordagem baseada na idade para determinar os níveis de participação, treinamento e competição. Como não existe uma cultura generalizada de preparar as crianças e adolescentes para o esporte, pode-se considerar essa tendência como exercício físico para crianças e adolescentes, levando os profissionais de Educação Física a estimularem a prática entre seu público nas escolas e academias.
O aumento das mídias sociais e da tecnologia digital deu origem a uma nova tendência. A tendência nº 12 envolve a utilização de empreendedores e entusiastas de saúde e condicionamento físico para fornecer conteúdo e promover o conhecimento da marca por meio de plataformas de mídia social online. Os influenciadores geralmente têm um alcance expandido em plataformas como Instagram® e TikTok® e podem promover exercícios para seus seguidores. Essa tendência foi mais bem votada por profissionais mais novos, sugerindo que essa pode ser uma tendência crescente com potencial para crescer.
Essa tendência foi adicionada à pesquisa anual de tendências em 2010 e se tornou popular em 2021 como a tendência nº 3. Para 2025, as atividades de condicionamento físico ao ar livre aparecem como a tendência nº 13. As atividades ao ar livre incluem modalidades como caminhada, corrida, trilhas, dentre outras para melhorar o condicionamento físico. Aumentar a utilização de áreas livres para atividades recreativas é uma maneira barata de promover a prática de exercícios. Instalar equipamentos de exercícios ao ar livre em parques e o estabelecimento de “zonas de condicionamento físico” é outra maneira de aumentar a atividade física. O ambiente também influencia diretamente a acessibilidade das atividades ao ar livre. No entanto, essa tendência tem o potencial de encorajar o aumento do movimento e das conexões com a comunidade.
Essa tendência de tecnologia digital reaparece no top 20 pela primeira vez desde 2022 e inclui vídeos instrucionais pré-gravados que os usuários podem acessar em seu próprio tempo. Essas aulas virtuais podem ser acessadas a qualquer hora e em qualquer local, proporcionando flexibilidade aos seus usuários. As aulas de exercícios sob demanda podem incluir modalidades como ioga, ciclismo, treinamento de força ou aulas no estilo boot camp.
Apesar da queda para a posição 15, empregar profissionais certificados continua sendo uma tendência importante para 2025. Profissionais habilitados, no Brasil, são aqueles registrados no sistema CONFEF/CREFs e que demonstraram competência para prescrever exercícios com segurança para uma variedade de populações.
Como uma das 10 principais tendências desde 2007, o treinamento personalizado aparece como a tendência nº 16 para 2025. Apesar de seu declínio na classificação desde o ano passado, o treinamento personalizado continua sendo essencial para aqueles que buscam orientação eficaz sobre exercícios, incluindo testes de aptidão, programação e definição de metas adaptadas às necessidades individuais. Mudanças no estilo de vida, como o aumento do trabalho remoto e o surgimento de soluções de condicionamento físico virtual, provavelmente influenciaram as preferências do consumidor. Os personal trainers podem se beneficiar da integração de algumas modalidades híbridas em seus serviços para dar suporte às necessidades de flexibilidade e autonomia dos clientes.
Essa tendência defende a integração da atividade física em práticas de assistência médica. Ao promover a atividade física como um sinal vital de saúde, ressalta-se a importância dos profissionais de Educação Física como parceiros na prática da assistência médica. Essa prática visa a melhorar os resultados dos pacientes, incentivando os médicos a encaminharem os pacientes a profissionais de Educação Física habilitados e incorporar prescrições de exercícios baseadas em evidências.
Depois de cair do top 20 em 2024 pela primeira vez desde que a tendência foi adicionada em 2013, o treinamento de peso corporal sobe para a tendência nº 18. Esta modalidade de treinamento é uma combinação de movimentos multiplanares como agachamentos e flexões e utiliza o peso do próprio corpo como resistência para desenvolver força, flexibilidade e equilíbrio. Como nenhum equipamento é necessário, a modalidade é acessível e eficaz para uma grande parte da população. Essa versatilidade torna o treinamento com o peso corporal perfeito para programas de condicionamento físico remotos e permite que seja feito em qualquer lugar e é ideal para profissionais de Educação Física que buscam maneiras econômicas de envolver os clientes em exercícios em casa, virtuais e sem equipamentos.
Em 2025, a medicina do estilo de vida aparece como a tendência nº 19. A crescente conscientização sobre a eficácia da medicina do estilo de vida na melhoria dos resultados de saúde no longo prazo, particularmente no gerenciamento de doenças crônicas, ajudou a manter uma posição na lista de tendências. Os praticantes são treinados para se concentrar em mudanças de comportamento, como aumento da atividade física, alimentos integrais, nutrição baseada em vegetais, sono restaurador, redução do estresse, evitar o uso de substâncias de risco e bem-estar social como elementos fundamentais da saúde. Os profissionais de Educação Física podem aplicar os princípios da medicina do estilo de vida ao trabalhar com clientes, especialmente aqueles encaminhados por médicos. Isso pode envolver a colaboração com nutricionistas para aconselhamento nutricional, psicólogos para gerenciamento do estresse e médicos para supervisão médica no gerenciamento de condições crônicas.
Embora a manipulação da temperatura para recuperação seja uma prática centenária, a estreia dessa tendência como nº 20 em 2025 ressalta a crescente adoção dessas estratégias no mercado fitness. O uso histórico dessas terapias remonta a civilizações antigas que utilizavam fontes termais e banhos frios para cura e recuperação. Mais recentemente, a crioterapia – a aplicação de frio para fins terapêuticos, tem sido associada a benefícios como redução da inflamação e aumento da sensação de bem-estar. Da mesma forma, terapias baseadas em calor, como banho de sauna, têm sido associadas à recuperação acelerada pós-exercício e redução da dor muscular.
Quer conhecer as tendências do fitness para 2024 no Brasil? Acesse esse artigo.
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