Bolo Café Treino e Amizade
Essa é a estampa que está em uma das camisas do Studio Fabrício Bastos. Ela descreve parte da cultura da empresa que já soma 7 unidades, sendo 4 em Campos dos Goytacazes, RJ, 1 em Macaé, RJ, 1 em Rio das Ostras, RJ e a mais recente em Vila Velha, ES.
Sou docente da disciplina Empreendedorismo na Licenciatura em Educação Física do Instituto Federal Fluminense. Costumo trazer temas que relacionam a teoria da gestão e do marketing com a prática em diferentes negócios da área. Coube à aluna Sarah Gomes, que é estagiária do estúdio supracitado, a responsabilidade de trazer para a nossa aula uma provocação do professor de Educação Física e pesquisador Fábio Dominski:
“Promover a saúde como a principal motivação para praticar exercício físico pode não ser a mensagem mais estratégica para facilitar o envolvimento e a participação ideais entre os indivíduos”.
Fábio teve como referência o artigo Rebranding exercise: closing the gap between values and behavior dos pesquisadores Michelle L. Segar, Jacquelynne S. Eccles e Caroline R. Richardson. O texto propõe uma mudança na estratégia de comunicação para aprimorar a aderência à prática regular e orientada da atividade física. Em vez de focar em promessas de longo prazo, como longevidade saudável, emagrecer 10kg em 1 ano ou aumentar a massa muscular em 6 meses, a mensagem deve destacar os ganhos de qualidade de vida agora: melhora da postura, sono reparador, redução nas dores articulares e musculares, mais disposição para o lazer com a família e amigos, assim como maior produtividade no trabalho.
Depois de apresentar a definição de branding do Paulo Cuenca, especialista em Marketing Digital, “branding é criar significados para o que você faz e formar uma comunidade de pessoas apaixonadas”, Sarah trouxe a sua experiência no estúdio para corroborar a proposta do artigo. Além do espaço de convivência do café com bolo, existe a educação continuada do time para acolher, orientar e acompanhar a jornada do cliente na direção do estilo de vida ativo e saudável.
E tudo começa com o acolher na aula experimental. Ouvir atentamente os objetivos do cliente, entender como acontecem as outras 23 horas do dia dessa pessoa quando ela não está no estúdio e identificar suas necessidades. Escuta ativa para montar com ela uma prescrição que seja possível ser realizada, facilitando a inclusão do exercício físico em sua rotina. Essas são algumas das estratégias desenvolvidas pelo time Fabrício Bastos para gerar um relacionamento saudável e duradouro com os clientes.
Lembra do que as empresas do mercado do bem-estar precisam entregar, segundo Walter Longo? O cliente do bem-estar deseja sentir-se bem, estar bem e parecer bem. O modelo de negócio que conseguir proporcionar, pelo menos, dois desses desejos tem tudo para crescer nesse mercado.
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Na mesma semana, gravei o episódio 14 do Podcast #vocenasuaagenda que você pode assistir acima. Tive a oportunidade de conversar com o Mestre Wilson Heidenfelder, jornalista especialista em oratória, sobre os desafios da mudança de estilo de vida. A história dele com o exercício físico traz o professor de Educação Física ora como vilão, ora como mocinho. Como assim, professor?
Wilson confessou que não gostava de praticar atividade física. Fugia até das aulas de Educação Física na escola. O sedentarismo combinado com uma alimentação não saudável, uma rotina de trabalho estressante e a diabetes tipo 2 acabaram levando o jornalista para uma academia depois dos 50 anos por recomendação médica.
A primeira experiência foi em uma academia de bairro. Segundo ele, depois de uma rápida conversa com o professor, ele recebeu uma ficha com os exercícios, pouca orientação e nenhum acompanhamento. Esse atendimento combinado com a sua aversão à prática da atividade física contribuíram para a desistência.
Dominski (2021) afirma que em academias de musculação e ginástica, vários estudos encontram taxas de evasão entre 40% e 65% nos primeiros 5 a 8 meses depois do ingresso. O autor alerta ainda que a falta de acompanhamento, falta de tempo, perda de motivação, doenças ou lesões são os principais motivos relatados em uma revisão sistemática recente sobre o tema.
Depois de um ano parado e sentindo os efeitos negativos da falta de movimento, tais como dores musculares, indisposição para o trabalho e para as atividades da vida diária, Wilson decidiu retornar aos treinos. Foi então que a sua filha, psicóloga, sugeriu um novo local para treinar. Segundo ela, “pai, encontrei uma academia perfeita para você e a mamãe”.
Foi então que ele conheceu o Studio CFIT, das irmãs Melina Canela e Sarah Canela. Desde o primeiro encontro, na aula de avaliação, Mestre Wilson já percebeu a diferença no atendimento. Além do ambiente acolhedor e a orientação diária, ele e sua esposa percebem o acompanhamento do time CFIT na nova jornada em busca da qualidade de vida perdida. Com apenas um mês de retorno ao estilo de vida ativo, ele já sente a redução das dores musculares e a volta da disposição para as tarefas do dia a dia.
Os detalhes fazem a diferença. Excelente a ideia do novo nome para a aula experimental. Aula de avaliação, mais do que um nome atraente, traz um novo conceito. Conceito presente no novo livro do Mestre Mauro Guiselini e do seu filho Rafael, “Avaliação do Movimento: como diagnosticar déficits de movimento para prevenção de lesões e prescrição de treinamento personalizado e para grupos.”
Além da anamnese com escuta ativa e medidas antropométricas, uma aula prática, de baixa intensidade, com movimentos simples de mobilidade, alongamento, força e exercícios aeróbicos são a oportunidade de que o professor precisa para conhecer ainda mais essa pessoa que irá cuidar. É preciso entender mais para atender melhor.
Mestre Edvaldo de Farias, em uma de nossas conversas, trouxe a seguinte reflexão:
“Quando separaram a Educação Física em Licenciatura e Bacharelado, a formação do bacharel perdeu muito. Perdeu na humanização do relacionamento com as pessoas. Os meios foram convertidos em fins em nome da performance e da estética, deixando em segundo plano as pessoas, o que a licenciatura tem como princípio de todas as coisas, porque sempre se preocupou de formar o ser por inteiro”.
São profissionais cada vez mais técnicos, mas que esqueceram a importância da progressão pedagógica para facilitar o aprendizado dos movimentos. Sendo mais fácil de fazer, o cliente experimenta a sensação da autoeficácia, a satisfação do “consegui realizar”, o que contribui com a autoconfiança, o sentir-se bem.
Essa percepção de competência somada à sensação de autonomia, quando o programa de exercícios é construído COM o cliente e não PARA ele, aumentam a motivação para os treinos.
E quando entra em cena o café com bolo, ingredientes fundamentais para a criação do vínculo, da percepção de pertencimento, completamos a tríade da motivação: autonomia, vínculo e competência, segundo a teoria da Autodeterminação (Matias, 2019). Alcançamos, então, o estar bem.
O parecer bem vem com o tempo. Acontece como consequência da constância nos treinos!
Para se aprofundar nesse tema, recomendo:
DIAS, Angelo. Mercado do bem-estar: acolher orientar e acompanhar. Rio de Janeiro: L.A. editora e publicações, 2024.
DOMINSKI, Fábio. Exercício físico e ciência fatos e mitos: a ciência por trás de 100 temas sobre exercício. Jaraguá do Sul: Design, 2021.
GUISELINI, Mauro e GUISELINI Rafael. Avaliação do movimento: como diagnosticar déficits de movimento para prevenção de lesões e prescrição de treinamento personalizado e para grupos. São Paulo: Dialética, 2024.
MATIAS, Thiago. Motivação, atividade física e mudança de comportamento: teoria e prática. São Paulo: Appris, 2019.